quinta-feira, 29 de agosto de 2019

A índole autoritária está sendo posta à prova

A social-democracia já teve seu tempo de glória. Foi um achado para algumas nações do Primeiro Mundo. Hoje, infelizmente, foi por água abaixo. Seguindo o bom exemplo dessas nações, o Brasil também teve, à sua maneira, sua experiência social-democrata. Falo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como presidente da República, e de Marco Maciel (PFL), como vice. Uma dobradinha que poderá voltar, com outros atores, após a recém-anunciada fusão entre PSDB e DEM.

Depois da experiência social-democrata, surgiu o Brasil de Lula e Dilma, que deu no que deu. O ex-presidente petista está preso. Dilma foi cassada.
Agora, decorridos oito meses de sua posse no Planalto, eleito com 56 milhões de votos (a maioria votou contra o Lula e o PT), não paira mais dúvida sobre a índole autoritária do presidente Jair Bolsonaro.

Ele integra a atual onda de direita radical, que considera o adversário político um inimigo que precisa ser destruído. Vale lembrar aqui o que afirma o cientista político Steven Levitsky, coautor do best-seller “Como as Democracias Morrem”. Steven participará, na Bienal do Livro, no Rio, no dia 7 de setembro, do painel “Sobre autoritarismos e democracias”. Para ele, os “regimes autoritários são mais corruptos”.

O presidente tem demonstrado que não aceita a autonomia de instituições (do Estado, não dele), como a Receita Federal, o agora renomeado Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a Polícia Federal. Não aceita o sistema constitucional de freios e contrapesos – um obstáculo à corrupção e, também, à concentração e ao abuso de poder.

A intromissão no Coaf, ao que tudo indica, se deveu ao fato de seu filho Flávio, hoje senador pelo Rio de Janeiro, estar sendo investigado a partir de dados liberados pelo órgão. O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, a pedido do senador, suspendeu as investigações, e Bolsonaro aprovou. O que acontecerá depois dessa dobradinha Dias Toffoli/Jair Bolsonaro ninguém sabe.

Enquanto a Amazônia pega fogo (a culpa não é só do presidente, mas é, também, da sua política de relaxamento na fiscalização), o secretário geral, Jorge Oliveira, em resposta à pergunta sobre se seu chefe relatou a outras fontes que está insatisfeito com Moro, após afirmar que “morre de rir com o presidente o dia todo”, disse o ministro: “Não que não haja discordância. Até nossa família tem discordância. É normal. As coisas no governo são intensas. Tem um volume de coisas, de informação. O ministro Moro tem uma formação, o presidente tem outra”.

“Há algo no ar além dos aviões de carreira”.

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