O ministro da Economia demonstrou ter dois pesos e duas medidas. Paulo Guedes havia feito fortes críticas às concessões que a comissão especial fez à elite do funcionalismo. Mas quando o presidente defendeu lobbies corporativos, Guedes afirmou que foi ingenuidade dele.
A reforma aprovada na Comissão Especial traz avanços, estabelece idade mínima com um longo tempo de transição. O texto incluiu vantagens para quem entrou no serviço público antes de 2003, os maiores beneficiados. Na sessão de quinta-feira caiu a reoneração das exportações. Um grupo de exportadores, em geral as grandes empresas, não paga impostos à Previdência. Pela previsão, a reoneração traria uma receita de R$ 83,9 bilhões em 10 anos. A conta do relator, de um resultado de R$ 1,070 trilhão, terá que ser revista.
Outras categorias estão pressionando para sair da reforma. Os professores também querem sair do texto. A defesa do corporativismo é um exemplo de como o Brasil funciona. Bolsonaro fez lobby pelos policiais e a esquerda votou a favor deles na comissão. Situação e oposição se encontraram na defesa de interesses corporativos. Coube ao centrão e ao PSDB derrubar a medida.
A pior derrota na comissão foi a retirada dos estados e municípios do texto. O desequilíbrio previdenciário não é apenas federal, é nacional. Todos os estados e municípios têm problemas com seus regimes próprios e precisam da reforma. Pela falta de empenho de alguns governadores, a mudança ficou de fora. O senador Tasso Jereissati quer incluir os entes federativos quando a matéria chegar ao Senado. Se for incluído, a texto teria que voltar para a Câmara, o que seria um outro risco à reforma.
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