sexta-feira, 19 de julho de 2019

Farinha pouca, meu filé mignon primeiro

Jair Bolsonaro bateu no peito para dizer que vai nomear Eduardo, o 03, embaixador nos Estados Unidos e ainda ameaçou: se reclamarem, ele coloca o filho como ministro das Relações Exteriores.

Não é a primeira vez. Na cabeça do presidente, seus filhos são os mais competentes, os mais inteligentes, os mais preparados.

Ao tentar nomear Carlos Bolsonaro como secretário de Comunicação ainda na transição, Bolsonaro disse que devia sua eleição ao 02, por causa do apoio das redes sociais. Até hoje, se arrepende de não ter ‘bancado’ a nomeação diante das críticas – como faz agora.

Já em relação ao 01, investigado por movimentações financeiras suspeitas, o presidente disse em janeiro: “Se por um acaso ele errou e for provado, eu vou lamentar como pai, mas ele terá que pagar o preço.”

No início da semana, Dias Toffoli – com quem Bolsonaro firmou um ‘pacto republicano’ em maio, ao lado de Rodrigo Maia – parece ter garantido que nada ficará provado.

Ao acolher pedido da defesa de Flávio, o ministro suspendeu a investigação no MP do Rio – além de outras milhares baseadas em relatórios do Coaf, da Receita e do BC. O ex-advogado do PT ajudou o filho do presidente, blindou Verdevaldo e ainda deu um “vale night” para todos os lavadores de dinheiro do país.

Na live hoje, Bolsonaro não deu uma palavra sobre o caso.

Desde maio, aliás, notava-se o esforço conjunto para esvaziar os poucos órgãos de controle de movimentações financeiras – nos EUA há 22 nos mesmos moldes.

Na votação da MP da reforma administrativa, o Congresso conseguiu retirar o Coaf das mãos de Sergio Moro e quase calou a Receita, tudo pelas mãos do próprio líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, em acerto com o Palácio do Planalto.

Bezerra, que defendeu a absurda medida de Toffoli, é um “homem que realmente está fazendo pelo seu país” – nas palavras do próprio Bolsonaro.

Diante desse quadro de ‘estancamento de sangria’, há quem diga que a AGU se manifestou a favor do inquérito de Dias Toffoli contra ‘milícias digitais’, em troca de livrar o 02 da investigação.

O que explicaria também a possível indicação de André Mendonça, terrivelmente evangélico, para o STF. Nada a ver com Deus, claro.

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