— Jair Bolsonaro, presidente da República;
— Hamilton Mourão, vice-presidente;
— Olavo de Carvalho, guru e polemista;
— Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente.
— Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil;
— Major Vitor Hugo, líder do governo na Câmara;
— Joice Hasseumann, líder do governo no Congresso;
— Fernando Bezerra, líder do governo no Senado
Desde a estreia do governo do capitão essas dez pessoas percorrem a conjuntura vinculadas a conflitos —provocando-os, atiçando-os ou fugindo deles. Nenhuma política pública animou o surto de animosidade. Guerreou-se por ideologia e frações de poder. Nem sinal de programa governamental. Nada que impulsionasse uma reforma estrutural. Apenas a guerra pela guerra.
Bolsonaro implica com Mourão porque é um ser humano inseguro. E aprendeu com Michel Temer que os vices, como os ciprestes, costumam crescer à beira dos túmulos. Mourão oferece aos gravadores e microfones um punhado de contrapontos sóbrios aos despautérios do titular porque, embora tivesse solicitado, Bolsonaro não lhe confiou nenhuma missão capaz de preencher-lhe a ociosidade, mãe de todos os vices.
Flávio, o Zero Um, dedica-se a empurrar para dentro do governo do pai um escândalo que enferruja qualquer discurso baseado na ética. Carlos, o príncipe Zero Dois, exerce a função de intérprete do pensamento do rei. Esforça-se para provar que a melhor maneira de sair de um buraco é cavando um buraco ainda maior nas redes sociais. Eduardo, o Zero Três, estarrece o Itamaraty com seu desempenho como chanceler extraoficial.
Na articulação política, Onyx dá caneladas no Major Vitor Hugo para mostrar quem é que manda na tropa do Legislativo. O Major dá de ombros para o ministro para realçar que é Bolsonaro quem dá as cartas. Joice se achega a Rodrigo Maia e à turma do centrão porque percebeu que o importante é saber embaralhar, não distribuir as cartas. E Fernando Bezerra, egresso do ministério de Dilma, com um pé na Lava Jato, frequenta o palco como evidência de que o MDB não se retirou do pôquer.
Incapaz de administrar a troca de tiros doméstica, Bolsonaro declara guerra ao mundo. Em sua penúltima incursão, o capitão distribuiu pelo WhatsApp um texto sobre o Brasil terrível e "ingovernável" que ele ganhou das urnas de 2018. Pela lógica, um governante deveria buscar aliados e evitar brigas. Mas a única lógica que Bolsonaro conhece é a lógica do confronto.
Essa obsessão pela guerra tem suas raízes nos 28 anos de exercício de mandato parlamentar. O problema é que, na Câmara, o custo do destempero e dos xingamentos de Bolsonaro limitava-se ao desperdício de verbas públicas com o pagamento do seu contracheque e com a estrutura do seu gabinete. No governo, o custo é mais alto.
Suprimindo-se do enredo dos primeiros quatro meses do governo a brigalhada inútil, sobram a conversa fiada, a perda de tempo, a frustração das expectativas econômicas e a alta do desemprego. O que torna o Brasil ingovernável é um sujeito que se elege como a solução de 57 milhões de eleitores e vira um problema antes do quinto mês de mandato.
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