O governo Bolsonaro tem 22 ministros. Sete ostentam algum tipo de suspeição. Repetindo: a suspeição ronda um terço da equipe do presidente que se elegeu como paladino da ética. Há um ministro condenado por improbidade administrativa, um denunciado por fraude em licitação e tráfico de influência, um investigado por transações suspeitas com fundos de pensão, uma citada em delação da JBS e um beneficiário confesso de caixa dois. Agora, mais dois ministros encrencaram-se no escândalo dos candidatos laranjas do PSL, o partido de Bolsonaro.
Considerando-se a humilhação solitária imposta a Gustavo Bebianno, o capitão não parece muito preocupado com a integridade do seu rebanho ministerial. Se foi capaz de eleger Bebianno, ex-coordenador de sua campanha, como boi de piranha, o presidente não hesitará em jogar outros ministros no rio. Chega-se, então, ao ponto: Bebianno virou comida de piranha para que o próprio Bolsonaro escape. Dito de outro modo: o presidente tenta salvar a pose de herói da cruzada anticorrupção.
A estratégia apresenta dois problemas. O primeiro é que Bolsonaro precisaria varrer muita coisa para baixo do tapete para continuar desfilando sua moralidade presumida. Isso incluiria o sumiço do enrosco do filho-senador Flávio Bolsonaro com o Coaf, do cheque que caiu na conta da primeira-dama e do empréstimo mal explicado do próprio Bolsonaro ao correntista atípico Fabrício Queiroz. O segundo problema é que a tática de Bolsonaro parte do pressuposto de que o Brasil é uma nação de bobos.
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