segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Estratégia do Planalto imita PT e indica Flavio Bolsonaro como 'perseguido político'

A crise está cada vez mais grave e até agora o presidente Jair Bolsonaro não fez nenhum comentário nem postou mensagem nas redes sociais. O motivo do silêncio é óbvio – o chefe do governo não fala nada, porque não tem o que dizer. A estratégia do Planalto é tentar desconhecer o assunto, como se ele “non eczistisse”, no dizer do padre Quevedo. Mas essa posição é um delírio, não se pode esconder uma questão desta gravidade.

A única autoridade que saiu em defesa de Flávio Bolsonaro foi o vice-presidente Hamilton Mourão, que acabou falando bobagens.

Sem saber direito o que está acontecendo, Mourão teve a ousadia de criticar a atuação do Ministério Público do Rio de Janeiro. Disse ao repórter Vinicius Sassine, de O Globo, que falta “foco” ao MP e que existe “sensacionalismo” e “direcionamento” na investigação envolvendo o filho do presidente da República e o ex-assessor Fabrício Queiroz


“São várias pessoas investigadas nessa operação, na Furna da Onça. As quantias que estavam ligadas ao Flávio eram as menores. As maiores, se não me engano, eram ligadas a um deputado do Partido dos Trabalhadores. E ninguém está falando nisso. Eu acho que está havendo algum sensacionalismo e direcionamento nesse troço. Por causa do sobrenome. Não pela imprensa, que revela o que chega às mãos dela. O Ministério Público tem de ter mais foco nessa investigação” – afirmou o vice-presidente.

Vinicius Sassine, que é um excelente jornalista, não deixou por menos. Depois de assinalar que Mourão adotou a estratégia do Planalto, que recomenda distanciamento do caso por parte dos membros do governo, o repórter publicou uma informação que isenta o Ministério Público, ao revelar que, enquanto Flávio Bolsonaro tenta evitar o depoimento, os outros quatro deputados estaduais que têm assessores com movimentações atípicas já procuraram os procuradores e prestaram explicações.

São eles: André Ceciliano (PT), Luiz Paulo (PSDB), Paulo Ramos (PDT) e Tio Carlos (SD). Ou seja, fica claro que o foco do MP não é apenas Flávio Bolsonaro e seu assessor milionário.

Mourão insiste na estratégia do Planalto, dizendo que é uma questão do Flávio Bolsonaro, não tem nada a ver com o governo federal. “Esse assunto pertence ao Flávio e aos assessores dele. Vamos aguardar os esclarecimentos que tiverem de ocorrer por parte dele mesmo e da própria investigação que está em curso”, alega o vice-presidente.

Por sua vez, outros importantes membros do primeiro escalão do governo já desistiram dessa linha de defesa. O ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), por exemplo, vinha declarando que o governo nada tem a ver com isso, mas no domingo passou a dizer que não vai se meter “nesse negócio”. E o ministro da Justiça, Sérgio Moro, também se recusa a comentar.

Nesta segunda-feira, Bolsonaro e Moro chegam ao Fórum Mundial de Davos. A imprensa mundial está aguardando os dois, que cancelaram as entrevistas coletivas.

Detalhes: em Davos, ambos pretendem apenas falar de combate à corrupção “latu senso”, mas sem entrar em detalhes familiares, digamos assim. Mas o povo quer ser justamente esses detalhes, que não foram informados nem mesmo aos advogados de Fabricio Queiroz, aquele subtenente da PM da confiança da família Bolsonaro, que movimentou R$ 7 milhões num período de apenas três anos e alega fazer “negócios” comprando e revendendo carros usados.

Até agora, os únicos carros encontrados no nome de Queiroz são uma Belina 86 e um Voyage 2010. Como Piada do Ano, a coisa vai bem; como “explicação plausível “de inquietante movimentação financeira, vai muito mal.

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