Foram rejeitados porque perderam a comunicação com o eleitor, porque não souberam usar as novas mídias para passar suas mensagens, porque ficaram presos a velhos hábitos, porque não resistiram à tentação de se agarrar a propostas fundamentalistas para atacar um candidato que, a cada pancada, aumentava sua resistência. E onde estava a grande força de resistência de Bolsonaro? Na comunicação direta com o eleitor, feita pelas redes sociais em mensagens capazes de serem assimiladas pela população, pois em linguagem simples e direta, aquilo que ela queria ouvir.
“Não dá mais para jogar contra o Brasil. Se a proposta for positiva, como a independência do Banco Central em alguns setores, para evitar que sua administração seja manobrada pelo governo, vamos votar a favor; se for absurda, como o fechamento do Ministério do Trabalho, vamos votar contra”, diz o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos articuladores da união dos partidos de centro-esquerda e de centro que não aderiram a Bolsonaro.
Esse movimento não terá um líder. “Rejeitamos quaisquer possibilidades de sermos capitaneados pelo Fernando Haddad (PT), pelo Ciro Gomes (PDT) ou pela Marina Silva (Rede). O que defendemos é um movimento que não tenha chefetes, que pense no Brasil e mostre ao cidadão que nossa preocupação é com o País. Por isso, não rejeitamos o governo de Bolsonaro. Se a proposta for boa, votamos; se for ruim, rejeitamos”. Para Delgado, é preciso respeitar a decisão do eleitor. “Uma maioria considerável de brasileiros aprovou o programa de Bolsonaro e o elegeu. A escolha foi democrática. Bolsonaro não foi imposto pelos generais. Ele foi colocado lá pelo povo. O eleitor não é bobo. Ele deixou seu recado. Errados estávamos nós. Então, vamos nos reencontrar com o eleitor, pensando no Brasil em primeiro lugar”.
Esse despertar por uma oposição construtiva não é o único movimento que toma corpo no Congresso e nos partidos políticos que não se alinharão com o governo de Bolsonaro. Há uma articulação que visa ao início de conversas para se formar o embrião do que no futuro poderá ser um partido de centro com propostas progressistas. Um dos idealizadores da ideia é o ex-ministro e ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo, hoje no Solidariedade, e que teve toda sua formação no PCdoB.
Desde o ano passado Rebelo prega o combate à crise pela criação de um novo e amplo ambiente de forças democráticas que despreze os ressentimentos, as posições preconcebidas, e que busque a unidade. Na eleição presidencial essa unidade não veio, o que resultou na vitória de Bolsonaro. Rebelo busca agora retomar a proposta.João Domingos
Nenhum comentário:
Postar um comentário