Ao ser informado pelo repórter João Valadares de que Fernando Haddad era o candidato do PT à Presidência da República, o aposentado pernambucano José Paulino Filho, 75 anos , declarou: “Não sei o nome não, mas estou grudado em quem Lula mandar. Ele é filho de Lula, né? Escutei dizer que era”. A turma da região ainda não decidiu se o chama de Adraike, Adauto, Andrade, Alade ou Radarde, mas o suposto parentesco com Lula é suficiente para que se vote nele.
Bem, se Haddad é filho de Lula, a biografia do candidato terá de ser reescrita. Sai a ascendência árabe, de imigrantes vendedores de tecidos, e entra outra, de camponeses perambulando pela caatinga, entre esqueletos de vaca —muito melhor, aliás, para garantir votos na esquerda. Sai também o garoto que nunca andou descalço e teve todos os brinquedos que quis, e entra outro, ressentido, ambicioso e ladino, como seus irmãos —os filhos mais novos de Lula.
Ser filho de Lula foi duro para o jovem e estudioso Fernando. Um dia, ele disse a seu pai que era admirador da Escola de Frankfurt e fã de Theodor Adorno, Max Horkheimer e Herbert Marcuse. Lula mandou-o esquecer esse negócio de escola no estrangeiro, ele iria mesmo era para um colégio público em São Bernardo. E, em vez daqueles professores de nome complicado, ele tomasse umas aulas com o frei Betto e a Marilena Chauí, que estavam lá para isso.
Fernando achava que seu pai não o admirava muito. Lula nunca quis ler sua tese de doutorado em filosofia, “De Marx a Habermass — O Materialismo Histórico e seu Paradigma Adequado”. Em compensação, vibrava com os negócios duvidosos dos outros filhos envolvendo futebol americano, empresas de games e “consultoria” de tecnologias.
Mas é claro que Haddad não é filho de Lula. Hoje sabemos que, a exemplo das amebas, que, por um processo de bipartição, geram seus iguais, o verdadeiro filho de Lula é Bolsonaro.
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