Depois dessa enorme mixórdia de tendências que tomou conta da sucessão presidencial, boa ideia seria submeter antes os candidatos a presidente, na eleição do próximo dia 7 de outubro, a um autêntico “reality show”, que funcionaria como um choque de realidade.
Em resumo: os candidatos seriam internados, durante 30 dias, em hotel cinco estrelas, pago por eles, distante dos grandes centros urbanos. O tratamento seria de primeira, com duas diferenças, que o distinguiriam dos demais hotéis: ficariam hospedados em regime de internato obrigatório, sem qualquer ajuda de marqueteiros e sem possibilidade de deixá-lo antes de decorrido o tempo estabelecido. Passariam 30 dias juntinhos. O tema sobre o qual teriam que refletir seria somente este: “O destino de 210 milhões de brasileiros”. Para facilitar seu entendimento, depois dele viria este subtítulo: “A verdadeira missão de um homem público começa e acaba na promoção do bem comum”.
Nas discussões internas, os candidatos poderiam, sim, tratar de assuntos óbvios. Exemplos: corrupção, previdência pública, defesa da liberdade e da democracia, reforma política, educação, saúde pública, urna eletrônica, ajuste fiscal etc. Deixariam do lado de fora, todavia, a vaidade e a preocupação com o destino financeiro pessoal.
A ideia pode ser maluca, leitor, e de fato é, mas, posta em prática, poderia, em primeiro lugar, possibilitar a desistência, por arrependimento, de alguns deles. Aos corajosos que fincassem pé, e depois de porradas de toda espécie, abrir-se-ia excelente oportunidade para que, enfim, se discutisse a verdadeira missão do “homem público”.
Escolhida a dupla de presidente e vice, ela seria submetida ao aval popular por meio do voto de cada um de nós. Poderíamos, então, dizer que, enfim, temos candidatos em condições de pensar no futuro da nação brasileira. Em nosso futuro. O resto – no Congresso Nacional, nos governos estaduais, nas Assembleias legislativas, nos municípios, nas Câmaras municipais, viria por acréscimo.
Pois é. Falei sobre assunto sério: o futuro da nação brasileira. E é aqui que entra o assunto do dia – o futebol, que, em época de Copa do Mundo, leva muita gente a pensar e, o que é pior, a admitir que a conquista do hexacampeonato pelo time canarinho levará nosso país à conquista de um futuro menos injusto para todos os brasileiros.
Peço licença, leitor, para usar uma expressão que me deixou fascinado quando a descobri, em plena (e poética) adolescência: ledo engano! Nada mais falso e sem base de sustentação. Quem pensa assim confunde João Germano com gênero humano. Poderia citar Picasso, mas… E não vai aqui crítica ao futebol, de nossa seleção, repleta de craques. Da minha parte, torci e vou torcer pelo hexacampeonato. Não misturemos as marchas. Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E estamos conversados. Copa do Mundo, como diz meu neto Bruno, é de quatro em quatro anos. Só. E como estarei na próxima?
Pra frente, pois, Brasil! E a vocês, meninos ricos de 2018, um apelo: se vocês não se lembram, peçam a seus pais ou avós para lhes contar algo sobre os craques de 1958 ou de 1970. Quase todos jogavam aqui e deram o suor por seu país. Hoje, quase todos vocês estão fora, alguns há muitos anos, e talvez só pensem (o que, de certo modo, seria até explicável) no dinheiro. Que é bom, mas, às vezes, só funciona como esterco do diabo ou como um bom adubo à injustiça.
Mirem-se nos exemplos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário