Meirelles, que chegou à Fazenda incensado por estar cercado por um time dos sonhos, o “dream team”, entregou o cargo de ministro com rombo previsto de R$ 159 bilhões em 2018. A promessa era de que, já em 2021, as contas públicas estariam no azul. Agora, seu sucessor, Eduardo Guardia, avisa que, na melhor das hipóteses, os deficits vão perdurar até 2022. Serão pelo menos nove anos de buraco nas finanças federais.
Em outros tempos, os rombos fiscais se tornariam motivo de alarde entre os economistas. O discurso seria o de que o país estaria à beira do colapso. Agora, por conveniência, pois querem eleger um candidato alinhado com o pensamento de mercado, fazem vista grossa. No máximo, deixam escapar uma ou outra ressalva. O argumento é de que Guardia e companhia são confiáveis. Mas é muito fácil levar na conversa e jogar a bomba no colo dos outros. No caso, do próximo presidente. Caberá a ele fazer o que Meirelles, Guardia, Dyogo Oliveira, ex-ministro do Planejamento, e companhia não fizeram.
Do ponto de vista fiscal — o rombo estimado para 2020 saltou de R$ 65 bilhões para R$ 110 bilhões —, o “dream team” é um fiasco. Como também tem sido em relação à retomada do crescimento. No ano passado, houve integrantes da equipe econômica falando em crescimento de 3%. O resultado final foi de 1%.
Neste momento, o governo insiste que o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 será de 3%, mas ninguém acredita que isso possa acontecer. A fragilidade da atividade é visível. Nos dois primeiros meses do ano, indústria, varejo e serviços tiveram desempenhos aquém do previsto.
Para a equipe econômica, é muito conveniente projetar crescimento maior do que o real. Isso permite inflar as receitas. Assim, fica mais fácil acomodar os gastos, que não param de crescer.
Na verdade, o governo não fez nenhum esforço efetivo para conter as despesas. Somente com pessoal, a fatura aumentará R$ 20 bilhões em 2019, para R$ 322 bilhões. O Planejamento quis adiar o reajuste da elite do funcionalismo de 2018 para 2019, mas foi impedido por liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em vez de recorrer, se acovardou.
O governo também fez corpo mole em relação ao pacote de 12 medidas que Meirelles anunciou com toda a pompa depois de o projeto de reforma da Previdência Social ser enterrado. Nenhuma delas andou. O que era para ser um ajuste virou desajuste fiscal. Tornou-se cômodo para a equipe econômica empurrar o rombo das contas públicas com a barriga. Ela se fia na complacência do mercado e torce para quem for eleito fazer o dever de casa. Guardia, inclusive, já absorveu o discurso. Diz que, se as reformas não forem feitas nos próximos anos, a taxa de crescimento do país vai minguar. É o blá-blá-blá de sempre.
O engodo do dream team só não é maior devido à queda da inflação, que foi empurrada ladeira abaixo pelos preços dos alimentos. Os juros também desabaram, mas os mesmos bancos que inflam o ego da equipe econômica não barateiam o crédito, inibindo um importante propulsor da produção e do consumo.
Enfim, a equipe econômica vai continuar deitada na fama, alardeando seus sucessos, mas deixando uma bomba fiscal para o futuro governo. Elaborado pelo time dos sonhos, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2019 encaminhado ao Congresso é uma obra de ficção. Nada mais que isso.
Enfim, a equipe econômica vai continuar deitada na fama, alardeando seus sucessos, mas deixando uma bomba fiscal para o futuro governo. Elaborado pelo time dos sonhos, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2019 encaminhado ao Congresso é uma obra de ficção. Nada mais que isso.
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