Curiosamente, agora, os petistas alegam que o cumprimento, pelo Poder Judiciário, do mandamento constitucional de julgamento célere – no caso da apelação de Lula ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região –, seria uma manifestação de perseguição política ao ex-presidente da República pela magistratura. Argumentam: ninguém tem sido julgado tão rapidamente assim no Brasil e, portanto, esse expediente seria discriminatório.
Pode até ser que Lula esteja a servir de “bode expiatório” e que sua condenação tenha um sentido hipocritamente pedagógico. Já rola jocosamente entre os círculos jurídicos que o sonho de todo advogado é que um processo corra “com a rapidez do caso Lula e com as garantias do caso Aécio”. O que não se concebe é que alguém, por sua origem miserável, por seu passado de lutas e pelas esperanças de renovação que suscitou, tenha se deixado levar pelas delícias do poder, tenha sido seduzido pelos “mimos” de capitalistas astuciosos e tenha acreditado na sinceridade de elogios dos áulicos de plantão: as oligarquias carcomidas, as corporações estatais egoísticas, a imprensa interesseira. Especialmente por tudo que algum dia representou, ninguém mais do que Lula deveria ter atentado para o que dizia a radialista Glória Lopes: “Se você não quer aparecer, não deixe o fato acontecer”.
São as voltas que a vida dá. Lula foi ingênuo demais ao acreditar que a elite econômica o aceitaria com suas promessas de poder harmonizar o capital e o trabalho no Brasil. A sanha do capitalismo financeiro não dá espaço para devaneios. Deu no que deu. Poderia ter feito como as raposas políticas mineiras que aprenderam com a leitura do Eclesiástico: “A esperteza, quando é muita, engole o esperto”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário