terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Aqui não é o Brasil

Pode ser fake news, pois a notícia apareceu e cresceu nas mídias independentes. “Isto aqui não é o Brasil” foi um dos gritos de guerra dos argentinos que, na quinta-feira, 14, protestaram e impediram a votação da reforma da Previdência deles lá.

Fake ou não, a frase tem seu valor. Os hermanos estão lascados até mais tempo que nós, mas não são carneiros. Apanham mas dão forra. Só ver a quantidade de torturadores que botaram na cadeia – dos mais aos menos graduados. Gente desumana que, nos anos de chumbo de lá, “desapareceram” com 30 mil pessoas. A maioria ainda longe de fazer 30 anos. Jovens que, talvez, hoje fizessem diferente o cenário político lá e cá.

Lá e cá, as vidas dos assassinados não serão devolvidas, mas as histórias reveladas marcam para a História quem e como mandou e executou.

Lá, a tenacidade de gente como as Madres de la Plaza de Mayo devolve dignidade aos mortos não enterrados e resgata seus filhos roubados. Na Argentina o tempo não apagou a barbárie, ela tem sido nominada e não fica impune. Só por isso já poderiam gritar: Aqui não é o Brasil.

Pena que o Brasil de agora seja exemplo de mau exemplo, coisa a ser evitada, terra de muito vale tudo de gente que não vale nada. Quem sabe roubamos o mote e usamos a frase como nosso grito de basta: Isto que estamos vivendo não é o Brasil. É pesadelo real. Desgraceira armada neste ano do Galo que, segundo o horóscopo chinês, comanda 2017, o ano que partirá sem deixar saudades.

Há quem diga que 2018 pode ser pior.


Como é tempo de Natal, que implica renascimento, vamos mandar um vá-de-retro pras temeridades todas vividas e as ameaças pairantes sobre nossas exaustas cabeças. Bora festejar o fim do 17 e o recomeço prometido a cada novo ano.

2018 será melhor.

A partir de fevereiro, quando fecha o ano chinês, o cão vai substituir o mando do galo, ruinzinho que só. O ano do cão é definido como de grandes projetos. Por isso pode ser também de grandes decepções. Depende de como usaremos a energia canina.

Ano do cão não é ano de cão, mas tempo de reflexão. De decisões pensadas. Também de calor humano e de fraternidade. A tradição chinesa ensina que o ano do cão é dominado pelo elemento Terra – será movimentado e, principalmente, marcado pelo retorno aos valores humanistas. No individual e no coletivo, será ano para renascimento da cumplicidade e de solidariedade entre nós humanos. Ó só que notícia boa? Solidariedade anda peça rara. Valores humanistas padecem de desuso. Pois vai que muda o disco?

Podemos ser melhores em 2018. Energias sobre-humanas conspiram para devolver solidariedade e compaixão. Se o galo desuniu, o cão pode juntar. Um era da desavença, o outro será da compreensão e da parceria, É o prometido pela milenar sabedoria chinesa.

Se botar fé e antenar, não vai rolar decepção,

2018 terá Copa e eleição. Com é o ano do galo, pode haver bloqueios e obstáculos a vencer. Será preciso concentração e sabedoria para, primeiro eliminar o difícil e, então, ver claro o caminho a seguir. Podemos usar a receita para passar pelos dois.

Na Copa, pode acontecer um lava alma do 7 a 1 cravado na nossa garganta. Na eleição, vai que a gente ganha o direito de começar de novo, lavando tudo que rolou de ruim?

Poder pode. Tudo. Principalmente imitar os argentinos na tenacidade e na resistência. Isso que estamos vivendo não é o Brasil. É fake. O Brasil é melhor que isso. Muito melhor.

As dissidências podem acabar quando, solidários e reumanizados, enxergarmos o inimigo comum – o de 95% de desaprovação. No ano do cão, no voto, podemos mandar pra Transilvânia – de onde nunca deveriam ter saído – esses todos que, no ano do Galo, abusaram da nossa paciência. Eles passarão.

No fim de semana, um texto fake, atribuído ao Papa Francisco, bombardeou o WhatsApp. Lembrava que nada é perfeito – nem família, nem pais, nem filhos, nem amigos, nem nós mesmos. Relembrando nossas humanas imperfeiçoes, pregava o perdão, o zerar de mágoas e dos ressentimentos tóxicos. A proposta não era do Francisco, mas é boa. Suave na nave, vamos celebrar o Natal, que é tempo de paz e de fraternidade. Coisas que, no Brasil que não é o Brasil, temos esquecido de praticar. Bora lembrar?

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