sexta-feira, 29 de setembro de 2017

À força da ironia

Vivemos nessa selva. A imensa maioria está doente de impotência e de ressentimentos. E alguns poucos como nós, marginais doentes de nostalgia e presos ainda a um punhado de valores que alguém mostrou alguma vez serem universais, sobrevivemos apenas à força de ironia.
 
Neste contexto social individualista, decadente e cada vez mais violento, que para muitos é a inevitável pós-modernidade, é impossível alcançar o equilíbrio. Para os que ainda creditamos na superioridade da ética, e conservamos um ou dois princípios, e empedernidamente acreditamos na existência de utopias que vale a pena, o equilíbrio em si se transforma em utopia. Porque, na pós-modernidade, todas as forças se desataram com exagero: há mais gente, mais carências, mais fome, mais injustiças, mais filhos da puta, mais conflitos e cada vez mais graves
Mempo Giardinelli, "Impossível equilíbro"

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