“Não há Plano B”, disse Michel Temer em solenidade no Planalto, nesta segunda-feira. É preciso reconhecer que o presidente tem razão. Se o que acontece no Brasil hoje significa alguma coisa, é a confirmação de que nunca houve um plano de contingência confiável ao fiasco de Dilma Rousseff.
O Plano A previa que Dilma nomearia Joaquim Levy para a Fazenda. Adotaria o programa de reformas econômicas defendido na campanha pelo rival Aécio Neves. O PIB voltaria a crescer. E ninguém prestaria atenção à roubalheira. Terminou em pantomima e impeachment.
O Plano B seria a reedição do Plano A, só que com o Henrique Meirelles no papel de neo-Levy e o PSDB de Aécio ocupando no palco posições que eram do PT. Sem os freios ideológicos de Dilma, Temer abraçou o receituário liberal sem culpa. O mercado estava adorando. Mas o presidente e seu PMDB esqueceram de maneirar.
Temer praticou, ele próprio, crime de corrupção passiva, acusa o procurador-geral da República Rodrigo Janot. Diante disso, o Plano C é… é… é… À medida que penetra o caos, o Brasil vai percebendo que também não há um Plano C. Fernando Henrique Cardoso tenta esboçar uma saída em cima da perna. Defende a renúncia do presidente e a convocação de eleições gerais. Ai, ai, ai…
À espera da denúncia em que a Procuradoria o tachará de corrupto, Temer proclamou nesta segunda-feira, rodeado de auxiliares investigados: “Nada nos destruirá. Nem a mim nem aos nossos ministros.” O inquilino do Planalto subestima o seu poder de autocombustão.
Temer finge não perceber. Mas seu governo foi reduzido a uma metáfora culinária. Tentou levantar o PIB, mantendo rebaixados os padrões morais da administração pública. E a receita desandou. A calda queimou. O presidente e o seu séquito de encrencados transformaram o pudim das reformas num vexame. Fizeram isso sozinhos, sem o auxílio de opositores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário