Mas desta vez sonhei diferente. Sonhei que, na capa da Veja, da Época e da Isto é, estava escrito: “O Brasil acabou!”. Até que enfim! No meu sonho onírico, a notícia foi um grande alívio para todo mundo, principalmente para a classe política, pois, uma vez acabado o país, também automaticamente acabou-se a Lava Jato. Ninguém foi para a cadeia.
Na minha mente adormecida, o Brasil acabou por decurso de prazo porque, definitivamente, não deu nem vai dar certo. Ninguém mais vai ter que se preocupar com o futuro, nem com o faturo. Vai ser o nada sobre a coisa nenhuma, e o país encontrou a sua verdadeira e definitiva vocação. Mas, infelizmente, fui acordado pelo ronco surdo da minha barriga vazia. O Brasil não acabou, foi tudo um sonho, uma doce ilusão. Acordado, raciocinando comigo mesmo, concluí: Agamenon, meu gênio! Não és o Fernando Henrique Seboso, mas descobriste a saída republicana! Parecia até o Michel Temer falando. Acabar com o Brasil de uma vez e para sempre! Eis aí a saída para o país.
Vamos poder então voltar a viver de acordo com a nossa natureza! Vamos nos dividir em tribos, bandos, quadrilhas, falanges, milícias e facções. Todas desorganizadas em torno de um líder, cada um no seu território. São Paulo vai pertencer ao PCC, o que foi o Nordeste vai ser dominado pelo PT. Mato Grosso, Goiás e todos os bois e as vacas vão ser de propriedade da JBS, e o Sul vai ser território da Odebrecht por conta das suas raízes germânicas.
Viveremos da caça, da pesca, da coleta de frutos silvestres. Sem falar, é claro, da guerra permanente entre as facções rivais. Não vai ficar muito diferente do que é hoje em dia, mas vamos ter mais tranquilidade. E ninguém vai ter que pagar imposto.
Passaremos a viver nus, pelados, como viemos ao mundo, com tudo de fora, como se fosse um permanente carnaval! Vale tudo! Ninguém é de ninguém, como, aliás, sempre foi! Turistas aventureiros, conduzidos por guias armados, virão visitar o território para observar a vida selvagem. Alguns farão safári, caçando mulatas bundudas para comer à noite, no acampamento. E nós, os nativos, voltaremos à vida nômade, cruzando o que foi outrora o solo brasileiro, nos escondendo das feras e dos inimigos nas ruinas do que foi uma tentativa fracassada de civilização.
Agamenon Mendes Pedreira é faturologista
Brasília será uma cidade-fantasma, habitada apenas pelo vento e poeira, com seus prédios decadentes, de vidraças quebradas, só contando o tempo para a Unesco transformá-la em patrimônio cultural da Humanidade.
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