quarta-feira, 21 de junho de 2017

A crise derruba mitos

O primeiro mito que a crise atual no Brasil derrubou foi o de que as leis são iguais para todos.

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É abissal a diferença, diante do crime, do tratamento aos ricos e aos pobres. Aqueles, servidos por caríssimos advogados, assim que pegos em falcatruas, que não são novidade, valem-se da “delação premiada” e do “acordo de leniência” e, com uma ou outra exceção (que apenas confirma a regra), ficam pouco tempo na cadeia – quando ficam – e depois saem lépidos e lampeiros com suas tornozeleiras eletrônicas. Suas distintíssimas esposas, que se deleitaram anos e anos com o produto dos desvios de dinheiro público, são inocentadas – sabe-se lá por qual razão –, já que, no mínimo, deveriam ter perguntado de onde seus maridos tiravam tanta grana.

Enquanto isso, os três “pês” da vida (pobres, pretos e prostitutas) passam anos atrás das grades, empilhados uns aos outros, à espera de uma condenação, que muitas vezes nem vem. Defensores? Nem a pau! Os defensores públicos reconhecem que são poucos e nem sempre aplicados em suas atividades. Pagar “advogado”, nem em sonho... O jeito é esperar ou participar de uma dessas “famílias do Norte”, que nas prisões dão um mínimo de proteção a seus adeptos. Ou tentar a fuga para sair daquilo que um ministro da Justiça reconheceu ser uma espécie de antessala do inferno.

Enquanto isso, os políticos – ah, os políticos! – são protegidos pelo foro privilegiado ou apenas podem ser presos se seus pares (e compadres) permitirem.

O segundo mito que caiu aos olhos espantados de muitos foi o de que o Poder Judiciário faz justiça. Seus integrantes, oriundos da mesma sociedade e, portanto, influenciados pelas ideologias reinantes, costumam representar a ideologia dominante. Conjunturas distintas, é claro, podem influenciar suas interpretações. Aliás, a mim me pareceu muito estranho que alguns analistas tenham tachado de “partidário” o voto que completou a maioria no julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE. Uai, qual partido hoje, dentre os que poderiam eleger presidente, ousariam contrariar o deus “mercado”?! Alto lá: é bom lembrar que Dilma também queria fazer o mesmo quando indicou Joaquim Levy para o cargo de ministro da Fazenda. Ponto fora da curva – até pelo conhecimento que demonstrou ter – foi o belíssimo voto do ministro Herman Benjamin!

Por último, agora também cai o mito de que o Banco Central se submete à Presidência da República. Ou seja, o mito de que não teria autonomia. Senhores, prestem bem atenção – e ainda que num tempo maior do que o desejado pela equipe econômica –, Temer terá de se curvar diante de Henrique Meirelles. Aliás, até porque a própria continuidade do mandato de Temer mais que nunca depende de um refresco na economia. Então, aparecem os verdadeiros chefes – o poder econômico – e se vão nossas crenças na legitimidade de algum governo eleito “livremente” pelo povo. Salvo um verdadeiro milagre...

Ou mudamos o país, fazendo uma nova Constituinte, e apostamos na organização popular, ou vamos continuar fazendo papel de bobos.

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