segunda-feira, 24 de abril de 2017

Por que tanta pressa?

Quando se tropeça numa formiga, recebe-se logo a pergunta: Por que tanta pressa? Talvez seja momento de se questionar quando a sabedoria das Iridomyrmex purpureus interroga a ligeireza do governo Temer. A toque de caixa, reconstruir o país com reformas trabalhista, previdenciária e política, como nenhum outro realizou, e quando o país atravessa sua mais grave crise, faz pensar em momentos iguais quando os mais espertos aproveitaram para vender seus peixes podres, que continuam aí a feder como o diabo gosta. 

A ânsia do governo Temer é reformar para atender o imediatismo da economia em troca de garantir ingresso na História como um Reformador, com maiúscula. Uma aposta no mercado futuro das eleições, porque sabe que as reformas, logo em três frentes importantíssimas para o país, acabarão como minirreformas logicamente capitalizadas para 2018.

E o país como fica? Não fica por mais que cantem as sereias nos comentários econômicos. O rombo gigantesco e o roubo astronômico minaram os alicerces, já fragilizados, do Estado. Os ganhos dessas reformas serão queimados lentamente só como entulho para cobrir o poço sem fundo até que se resolva uma mudança sem privilégios.

Quem se lembra do golpe “Ouro para o bem do Brasil”, promovido em 1964 pelo grupo Diários Associados de Assis Chateaubriand, gerando ouro para o país sair da crise? Os doadores recebiam diploma de “Doei ouro para salvar o Brasil”. Ainda hoje ninguém sabe o que se fez com os 400 quilos de ouro e cerca de meio bilhão de cruzeiros, ninguém viu para onde foram.

Estaremos pouco mais de 50 anos depois revivendo um outro, ou triplo, golpe de sacrifício para recompor a destruição dos governos passados?

Sempre se doutrinou a população sobre a Previdência como um pecúlio, em menos de um ano já não é mais. É agora taxa imposta a quem trabalha para sustentar os mais velhos, quando pararem de trabalhar. São agora gerações de hoje que pagam a velhice aposentada e assim sucessivamente pelos séculos. Mudam as fórmulas, mas a administração continuará a mesma de privilégios com os de menor renda sustentando os palacianos. Se não é modelo medieval, cheira.

As falas governamentais são mais apocalípticas do que o próprio Apocalipse. É o “Ou dá ou desce” imperativo, nada democrático de vastas discussões entre a população. Quem de direitos garantidos decide sobre o direito de milhões como deuses de um Olimpo em ruínas. Tudo com o aval de um mercado dono do dinheiro a se impor como proprietário também das gentes.
Luiz Gadelha

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