terça-feira, 14 de março de 2017

Gritar, lutar, indignar-se

Seguem assustadores os números da realidade brasileira. Uma recessão histórica e sem trégua que expõe nossa economia à maior redução do PIB, dos investimentos produtivos, da oferta de empregos e do crédito, fazendo com que apenas o setor financeiro consiga resultados positivos, sendo que estes obtidos pela criminosa transformação de suas atividades em bancas de agiotagem, “como anteriormente nunca visto neste país”. Um quadro de miséria, desemprego e fome da população, que se amplia a cada dia, ao qual se junta a crescente falência das empresas de quase todos os segmentos econômicos.

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Operação Lava Jato balançando algemas e tornozeleiras para membros de governos passados e do atual, necessidade de negociação em níveis muitas vezes os mais sórdidos entre o governo Temer e sua base de sustentação no Congresso, para tentar fazer fluir a aprovação da reforma da Previdência, a primeira da já tardia agenda de reformas; o ativismo dos sindicatos que outra coisa não fazem para justificar sua existência senão levar para as redes sociais números em cuja confiabilidade pouco ou nada se acredita, em contraposição com dados que o governo apresenta, igualmente nada acreditáveis; a sofrível imagem que os Poderes, sem exceção, Judiciário, Legislativo e Executivo, em todos os seus níveis ostentam, reforçando um quadro vil e de impossível superação. Poderes do Estado são independentes e harmônicos, pela letra da Constituição, mas ao que assistimos tal harmonia se fez nivelando-se por baixo. E a independência, com a graça de Deus, tornou-se relativa; andando em círculo, vão segurando um o rabo do outro.

Corrupção, empreguismo, desvios de finalidade, amesquinhamento especialmente do Judiciário, porque dos demais Poderes não há mais o que se falar. O STF virou um “BBB” de toga, com ministros de quem se esperava a intransigente defesa da Constituição expondo suas divergências, como colegiais. Também, que boa vontade a nossa, pobres crédulos, a de esperarmos que melhor postura poderia ser provida por ex-advogados de partidos políticos transformados, do dia pra noite, em ministros da Corte, ou dos que alternam suas atividades entre o Supremo e a direção de cursinhos travestidos de “institutos” idealizados para vilegiaturas em Lisboa, numa singular operação caça-dotes? Ou dos que fazem, pelo peso da hierarquia ou do jeitinho, suas filhas, desembargadoras, advogadas recentes de discutível formação técnica e intelectual?

As mudanças que se precisam produzir no Brasil envolvem compromissos, decência, seriedade e a dimensão coletiva de nossas soluções. Envolvem políticas de Estado. Como se poderia acreditar em reformas trazidas pelas mãos de um governo, igual ou pior do que os que o antecederam, marcado pela presença dos crimes de corrupção, de lavagem de dinheiro, entre outros, no currículo (ou no prontuário) de quase todo o seu ministério? Essa consciência, boa parte da sociedade brasileira a tem; os movimentos nas ruas já demonstraram.

O fundamental é que venham para a mesma trincheira aqueles que ainda não se sensibilizaram, ou não acreditaram na própria força para reclamar e produzir mudanças. Denunciar, gritar, protestar, indignar-se, todos as horas de todos os dias. Para mudarmos.

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