quinta-feira, 9 de março de 2017

E lá se vão três anos de uma ação que precisa ser transformadora

Sempre fui crítico do pessimismo. Na verdade, ele não constrói, só destrói. Enfrentei-o até na maturidade, quando esse mal se instala, regado pelo conhecimento da vida que os anos duros nos proporcionam, sobretudo para os que lutam desde muito cedo. Diria que, às vezes (ou quase sempre, dirão alguns de meus amigos…), seria ligeiramente cético, mas sem ser fiel à doutrina do ceticismo. Pois, para mim, não acreditar em nada é sem dúvida um exagero. Acredito, aliás, piamente, que o homem pode, com certeza, chegar ao conhecimento indubitável. Ou seja: valho-me de relativo ceticismo para me defender.


Refiro-me àquele ceticismo no qual se exercitam os jornalistas, que dificilmente concordam com a primeira versão. Isso corre, também, com os investigadores. Ou com os promotores públicos. Ou com os juízes, quaisquer que sejam as instâncias. Ou com qualquer um que persiga a justiça como seu único objetivo. Aqui o cético difere do pessimista. Este sempre espera pelo pior. Leva tudo pelo lado negativo. O cético não chega a tanto, mas poderá chegar lá se não se precaver.

Talvez seja, como todos nós, um pouco filósofo, que é aquele que procura refletir com sabedoria sobre tudo e, por isso mesmo, leva a alcunha, não raras vezes, de indivíduo esquisito ou excêntrico.

Hoje, seja no jornalismo ou fora dele, o que mais se faz é filosofar. Que acontecerá ao país depois que se revelar tudo sobre a operação Lava Jato? Quantos, finalmente, serão atingidos? Em qual proporção? Como se fará para se separar o joio do trigo? Alguém sabe?

De uma verdade ninguém duvida: desfechada pelo Ministério Público Federal, com o eficiente auxílio da Polícia Federal, mas, principalmente, com a determinação do juiz Sergio Moro, que é seu verdadeiro protagonista, a operação Lava Jato precisa ser transformadora, depois de desvendado o maior escândalo da história do Brasil.

Ou seja: Sergio Moro não pode terminar, amanhã, sozinho e apenas como reconhecido protagonista de um roteiro que não deu certo. Capaz de enfrentar os melhores advogados do país, pagos regiamente, como aconteceu, numa de suas últimas audiências, com o advogado do ex-ministro Antonio Palocci. Ao dizer ao juiz que discordava da pergunta porque “a testemunha não pode achar nada, nada opina, não vou aceitar essa violência”, o advogado José Roberto Batochio ouviu a seguinte resposta: “Faça concurso para juiz e assuma, então, a condução da audiência, mas quem manda na audiência é o juiz”. Moro precisa de mais. Precisa do apoio do STF e, mais que tudo, leitor, do seu.

Decorridos três anos do Posto da Torre, em Brasília, até hoje, a Lava Jato, talvez pela demora, talvez pelo processo coberto de recursos, talvez pela dificuldade de obtenção de provas definitivas, tem demonstrado que não acabará tão cedo. Essa demora não pode provocar cansaço, nem prejudicar o caminhar do país, nem agilizar a morte de empresas, nem impedir a retomada do desenvolvimento ou a criação de empregos (o desemprego é o lado mais cruel da crise). Não pode, de modo nenhum, fazer crescer o véu de pessimismo que o encobre.

Oxalá deixássemos de lado todas as ideologias, todas as crenças individuais, todas as diferenças, em favor de um pensamento único e capaz de aglutinar, doravante, gente disposta a trabalhar, em todo e qualquer cargo público, por nosso maior bem – o bem comum.

É por aí, pelo bem comum, que se transforma um país.

Haja esperança!

Nenhum comentário:

Postar um comentário