Na República Velha, hoje seria dia de votação, de quatro em quatro anos. Eleição fraudada, sem ser secreta, com as mulheres proibidas de votar e sem Justiça Eleitoral. O cidadão votava declarando seu voto a um funcionário público, que anotava o voto num livrão. Por isso jamais um candidato do governo perdeu. A data comemorava a vitória do Brasil na Guerra do Paraguai. O diabo é que para a posse do eleito, nossos avós procuraram outra data significativa e acharam a Proclamação da República, 15 de novembro. Resultado: oito meses e meio de interregno, quando o presidente eleito viajava para a Europa ou descansava placidamente, compondo seu ministério. Estava tudo arranjado, as crises eram raras, tudo fora acertado pelos poderosos Partidos Republicanos de Minas e São Paulo, ou seja, os fazendeiros desses dois Estados, com raras exceções.
O tempo passou, já votamos em muitas outras datas, ou não votamos, ficando pela Constituição de 1988 o voto no primeiro domingo de outubro, com a confirmação em outra votação no último, se ninguém alcançar a metade mais um dos votos, no primeiro.
Já votamos em variadas datas, inclusive no repudiado 31 de março, mas hoje metade do Brasil e dos demais países do mundo encontra-se sob os eflúvios das comemorações da passagem do ano. O resultado é que poucas autoridades estrangeiras conseguem vir, sem falar em nós mesmo.
Já se tentou mudar a data, estendendo-a por alguns dias, mas com tantas reformas políticas em pauta, a proposta não vingou. Por que surripiar do novo presidente dez dias que sejam de mandato?
Quando mais uma vez o Congresso tenta estabelecer umas tantas mudanças institucionais, jamais acontecidas, ressurge outra vez a sugestão, que dificilmente será aprovada.
Essas considerações se fazem a propósito do primeiro de janeiro de 2O19. O novo presidente acordará mais cedo, deputados e senadores também, mas o importante será saber quem. Em sã consciência, ninguém arrisca um palpite.
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