Para eles, foi lembrado que, diante do esgotamento das finanças estatais, do aumento na esperança de vida e da queda na taxa de natalidade, não é mais possível manter antigos direitos que se transformam em privilégios dos adultos de hoje contra os brasileiros do futuro. Mas o parlamentar que lembrou isto aos PMs ouviu uma sugestão: “Cortem primeiro os privilégios dos parlamentares, juízes e altos funcionários, os altos salários, o valor das verbas indenizatórias, carro oficial, seguro de saúde ilimitado, ajudas de aluguel mesmo morando na cidade; cortem isto e depois conversamos sobre nossos privilégios”. Quando ouviu que essa medida economizaria muito pouco, ele retrucou: “É porque vocês não percebem o exemplo e o respeito que teriam se fizessem isso”.
Quando lembrado que trabalhador armado não deve fazer greve, os PMs disseram: “Então parem a fábrica de bandidos em que se transformou o Brasil e que armados estão nos assassinando”, “querem cumprir a Constituição sobre nós, mas por que o presidente do Senado não respeitou um mandado judicial do Supremo, ou por que a presidente da República foi cassada, mas não perdeu os direitos civis. Eu escutei: “Parem de driblar a Constituição para beneficiar a vocês e aceitaremos que ela seja aplicada contra nós”.
Todo encontro hoje nas ruas com o povo serve para sentir o humor da população. O brasileiro sente frustração com o clima de guerra civil, o excesso de privilégios e gastos, as obras inacabadas, o legado frustrado da Copa e das Olimpíadas, o roubo em forma de propinas e superfaturamentos. Mas ao mesmo tempo que se fazem os ajustes fiscais, a pergunta é: por que continuamos com a mesma maneira de fazer política, repetindo o que criticávamos no passado? Há anos estão avisando e esperando, descontentes e descrentes, indignados e dispostos a romper as regras. Faz anos que o povo avisa e sugere. Por não os ouvir, temos a estranha sensação de surpresa diante do fato anunciado e esperado: como na semana passada, em Vitória.
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