Não obstante, pesquisas eleitorais, como a mais recente, da CNT, o apontam como favorito à presidência da República. Venceria todos os presidenciáveis até aqui conhecidos, de Aécio Neves a Bolsonaro, passando por Marina Silva, Serra, Ciro Gomes e Alckmin.
O que se depreende disso? Ou essa maioria mora em outro país (ou planeta) ou simplesmente é fictícia. Mesmo no Nordeste, onde se concentrou, nos idos tempos, o grosso do seu eleitorado, o quadro mudou. Há um vídeo no Youtube que registra uma chegada de Lula ao aeroporto de Fortaleza, pontuada por vaias e palavrões.
Ele próprio havia prometido viajar por todo o país denunciando o “golpe” do impeachment e, ao que parece, mudou de ideia. As poucas viagens que fez foram nos termos acima mencionados: em jatinho particular, com aparições restritas a uma plateia amestrada.
Estranho favoritismo. Há quatro meses, seu partido foi fragorosamente derrotado nas eleições municipais em todo o país. Venceu apenas numa capital, Rio Branco, cujo estado é governado há duas décadas por uma mesma dinastia, a dos irmãos Viana.
Perdeu em toda parte, inclusive no berço petista do ABC paulista. Em São Bernardo, cidade onde mora há décadas - e onde iniciou sua carreira de líder sindical -, não conseguiu emplacar nem sequer um enteado para o modesto cargo de vereador.
O PT definha e vê na ressurreição do mito Lula sua última cartada. Perdido por um, perdido por mil. Prestes a prestar contas à Justiça, réu em cinco processos e sem o guarda-chuva do foro privilegiado, Lula pôs em cena a figura do perseguido político.
Prepara emocionalmente a militância – reduzida, mas ruidosa e violenta – para tornar sua iminente prisão um fator de turbulência pública. Tem a seu favor a simpatia (ou o receio) do próprio presidente Temer, a quem chama de golpista, mas não hesita em estender a mão e a apoiar nos embates dentro do Parlamento.
Em todos os seus pronunciamentos, faz-se de vítima, papel que não dispensava mesmo quando dava as cartas. Nenhuma chance é desperdiçada, nem mesmo, como se viu, o velório de sua esposa, transformado em palanque político. Para contrabalançar essa imagem de fragilidade, cuidadosamente construída, nada como ostentar pesquisas que o mostrem como amado pela população e perseguido pelas elites de sempre. A melhor defesa é o ataque.
A recente pesquisa da CNT – cujo presidente, Clésio Andrade, seu amigo, é investigado também pela Lava Jato - tem a vantagem, como as anteriores, de não precisar comprovar nada.
Não há eleições à vista, nem candidatos lançados, nem o tema está na pauta. O indicador mais recente são as eleições municipais de quatro meses atrás, cujo resultado não chancela o das pesquisas.
Mesmo assim, obtém repercussão na mídia, que a militância reverbera, nas redes sociais, na tentativa de mostrar que as denúncias – e a condição de réu em cinco processos – são inconsistentes, parte de um complô obscurantista para tirar de cena “o melhor presidente que o Brasil já teve”, nas modestas palavras do próprio Lula.
Enquanto isso, o escândalo Odebrecht, que tem o ex-presidente no centro da trama, começa a pipocar em diversos outros países da América Latina. Inclusive na sua Venezuela.
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