A ditadura civil-militar tornou a convivência entre as pessoas mais difícil. Contraditoriamente, porém, foi da democratização para cá que as relações pioraram. Desculpem-me meus amigos petistas, mas parte do PT, sobretudo nos últimos 13 anos e no pico de poder, contribuiu para essa deterioração. A frase “nós contra eles” foi muito usada por seus mais importantes dirigentes. O ex-presidente Lula, em inúmeros momentos, teve a insensatez de pronunciá-la. Isso só poderia provocar a intolerância, além de despertar o ressentimento e o ódio – os dois ingredientes que alimentam os radicais da esquerda e da direita.
Contribuiu, também, para a degeneração das relações entre políticos a difusão das novas mídias digitais proporcionadas pela internet. São ferramentas que servem ao bem, mas também podem servir ao mal. Mas a falta de educação, origem do respeito, que grassa entre todas as classes, sem distinção (os professores são suas maiores vítimas), talvez seja a principal causadora desse ambiente desagradável. Essa falta de urbanidade se tornou ainda mais evidente, pois qualquer cidadão se acha no direito de expor, por meio de seu celular, e sem se preocupar com o uso inadequado das palavras, o que realmente pensa acerca de qualquer assunto. A privacidade acabou. Foi para as cucuias.
A violência extrapolou, e, com a eleição recente de Donald Trump (uma experiência que o mundo logo conhecerá), surgiram os que, como se não bastassem nossos problemas internos, resolveram adotar posições radicais tanto de um quanto de outro lado (rs, rs, rs).
Na Câmara Federal, na disputa por sua presidência (vide charge do cartunista Chico), a arma é a tesoura. A briga não é em defesa da instituição, nem do povo, mas do próprio ego. Ninguém se lembra da Lava Jato, das últimas chacinas ou de nossas masmorras, mas tão somente do que poderá obter amanhã em proveito próprio.
O Brasil é um país violento. Armados até os dentes, estão em campo “coxinhas” e “petralhas”. A cordialidade do homem brasileiro, na verdade, nunca existiu, nem mesmo para Sérgio Buarque de Holanda. Seu “homem cordial”, que confunde o público com o privado e tira proveito de tudo, nada tem de polido ou bondoso.
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