A ideia de capacitar-se para futura inserção em alguma organização funcionalmente hierárquica parece cada vez mais distante dessa moçada. Também, pudera: a crise fiscal do Estado aponta para o enxugamento do número de servidores públicos; e, na iniciativa privada, o imperativo do aumento de produtividade faz com que as empresas incrementem investimentos em capital fixo (notadamente, automação), em detrimento de inversões em capital variável, ou seja, em mão de obra.
David Plunker |
Mas não se iludam os que apostam no empreendedorismo, especialmente na área digital, como válvula de escape para tão dramática situação. O “The Wall Street Journal”, em matéria veiculada no dia 13 de outubro do ano passado, ao revelar o número pífio de contratações nas empresas consideradas, na atualidade, o “cutting-edge” do setor (entre elas o Facebook e o Google), mostrou, também, que o número de startups de tecnologia, nos EUA, parou de crescer: 64 mil em 1992, 113 mil em 2001. Esse número caiu para 79 mil em 2011 e não se recuperou mais. E vale lembrar para iniciantes que não é bom se meter em briga de cachorro grande. Alguém ainda se lembra do que aconteceu com o Netscape?
Desculpem-me se não pinto o porvir em cores róseas; antevejo um nada admirável mundo novo. E o mais incrível é que um barbudo chamado Karl Marx já previa tudo isso em suas anotações conhecidas como “Grundrisse”, escritas em meados do século XIX. Sorry, jovens empreendedores, mas o horizonte que já desponta no neocapitalismo não é dourado: em vez dos sonhos, believe it or not, barbárie à vista.
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