sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Autoridades em transe

O sistema de Justiça do Brasil é muito reativo e espetaculoso. Foi preciso que a Família do Norte, máfia amanuense, arrancasse as cabeças de 60 integrantes do Primeiro Comando da Capital, a máfia paulista, para as autoridades entrarem em transe e começarem a anunciar soluções para tudo.

Pela reação da presidente do Supremo e do ministro da Justiça, tem-se a impressão de que eles não sabiam de nada sobre o que acontecia nos presídios brasileiros.


De repente, bilhões que estavam guardados começaram a ser distribuídos para os estados – parte para construção de novos presídios, cerca de 1,2 mil vagas por unidade da Federação, totalizando 30 mil, parte para aquisição de aparelhos para detectar a entrada de drogas, celulares e armas nas prisões.

A presidente do Supremo correu para Manaus e reuniu juízes e promotores para saber onde estão as falhas do sistema: estamos prendendo demais, soltando de menos ou deixando a execução penal a cargo das organizações criminosas?

O ministro da Justiça, chamando os chefes das organizações criminosas de “lideranças”, anunciou, com pompas, a montagem de um grupo especial para monitorar os presídios, dando ênfase ao trabalho de Inteligência. Isso já é feito há anos no Distrito Federal. As outras unidades não o fazem porque não querem.

Enquanto isso, os lobistas já começaram a vislumbrar oportunidades de negócios, a partir dos recursos que serão liberados em tempos de vacas magras.

Será que pacientes dos hospitais públicos vão ter de começar a arrancar as cabeças uns dos outros para o governo iniciar uma mobilização com o objetivo de resolver o caos na área de saúde?

Espera-se que o dinheiro não seja desviado quando se aplacar o clamor das instituições internacionais e a população brasileira esquecer o episódio.

Miguel Lucena

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