1 – Sérgio Machado é pescado no telefone implorando a Romero Jucá para trabalhar pelo impeachment de Dilma. Seria, para Machado, a única maneira de “estancar a sangria” que a Lava Jato estava provocando e ainda iria provocar.
2 – O impeachment veio, mas a “sangria” não foi estancada.
3 – Agora, procuradores federais têm informação absolutamente seguras de que a, digamos, “operação estanca-sangria” continua viva e operante.
4 – O ministro Teori Zavascki era o relator da Lava Jato no Supremo, a única pessoa habilitada, neste momento, a “estancar a sangria”.
5 – No telefonema de Machado a Jucá, os interlocutores “reconheceram a impossibilidade de cooptar o ministro”, no relato do sempre brilhante Bernardo Mello Franco na sexta-feira, 20.
6 – Aí, cai uma avioneta e Zavascki morre.
Se prevalecesse a opinião do procurador-geral Rodrigo Janot, Zavascki deveria levantar o sigilo dos depoimentos. No mínimo, evitaria vazamentos parciais e/ou interessados – e os interesses são formidáveis quando se sabe que os nomes de políticos citados são de um ecumenismo extraordinário.
É razoável supor que o ministro agora morto tivesse aproveitado as férias para adiantar o trabalho de analisar a pilha de informações e, com isso, dar andamento mais rápido aos processos. Como é um trabalho de equipe, é igualmente razoável supor que o pessoal de Zavascki tenha avançado o suficiente para impedir que a morte entorpeça demais os procedimentos.
Mas aí entram as perguntas de cunho muito mais político que judicial-administrativo-burocrático: para começar, o substituto de Teori, seja quem for, terá idêntica disposição de trabalhar em conjunto com o Ministério Público e com a força-tarefa da Lava Jato?
Terá coragem para peitar a substancial fatia do mundo político sob suspeita? Terá suficiente isenção para degolar, se e quando for o caso, à direita, à esquerda e ao centro? Por tudo isso, é fundamental que não paire a menor dúvida sobre as causas do acidente.
É simplesmente assustador pensar que permaneça na cabeça do público a hipótese de que se tentou estancar a sangria à custa do sangue do ministro.
O Brasil cairia no esgoto.
Terá coragem para peitar a substancial fatia do mundo político sob suspeita? Terá suficiente isenção para degolar, se e quando for o caso, à direita, à esquerda e ao centro? Por tudo isso, é fundamental que não paire a menor dúvida sobre as causas do acidente.
É simplesmente assustador pensar que permaneça na cabeça do público a hipótese de que se tentou estancar a sangria à custa do sangue do ministro.
O Brasil cairia no esgoto.
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