Liderança é um assunto fascinante. Assim como a autoridade, ela emana de uma pessoa, porém apenas se concretiza no outro. Ou melhor, o verdadeiro líder não é quem está numa posição de comando, e sim quem as pessoas ao seu redor identificam ser. E não adianta adjetivar, dourar a pílula, enfeitar. Onde começamos a classificar, tipo “liderança técnica”, “liderança moral” e “liderança anímica”, ali pode não existir um líder autêntico. Tomando o exemplo do futebol, a braçadeira nos identifica como sendo o capitão, mas não vem acompanhada dos predicados para que ocupemos o cargo.
A braçadeira de capitão só faz mal a quem não é líder. Ela confundiu a cabeça do Neymar Jr. o tempo inteiro e segue a atrapalhar o time até hoje (destituí-lo se tornou um dilema). E a solução mágica encontrada por Tite foi o tal rodízio, um pecado inverso – muitos líderes, nenhum líder. Carlos Alberto, o “Capita”, liderava diversos gênios (Tostão, Jairzinho, Rivelino…) e um rei (Pelé). A braçadeira lhe caía tão bem como a poucos. Quem sabe Tite, olhando as reportagens sobre seu falecimento, reveja suas posições e identifique no grupo um líder, um capitão. Isso, ou minha suspeita recai sobre a própria autoridade enquanto técnico. Porque isso eu não disse: muito mais do que liderados, líderes se reconhecem a distância.
Rubem Penz
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