O levantamento foi feito com base nos dados do Ideb 2015 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), divulgados na quinta-feira pelo Ministério da Educação (MEC).
O Ideb mostrou que o Brasil está avançando acima do previsto na etapa que vai da 1ª à 5ª série (etapa inicial do ensino fundamental) e, mantida a tendência atual, deve até mesmo superar a meta prevista pelo MEC para 2021.
O problema começa nas etapas seguintes. Nos anos finais do fundamental (6ª à 9ª série), o ensino avança devagar e deve bater a meta, no atual ritmo, apenas em 2027, com seis anos de atraso.
No ensino médio, considerado a etapa mais problemática da educação básica brasileira, a questão é ainda mais grave: o índice obtido pelos alunos está estagnado há quatro anos, sem evoluir, no patamar de 3,7, segundo medição do Ideb 2015. A meta era de 4,3.
Mantida a tendência atual, o país deve pontuar apenas 3,9 nessa etapa em 2021, segundo os cálculos do Ayrton Senna - muito distante da meta de 5,2.
"Avançamos apenas 0,3 ponto em dez anos nessa etapa, que não está saindo do lugar. Se nada for feito e esse ritmo se mantiver, levaremos décadas para bater a meta (de 2021)", explica à BBC Brasil Paula Penko, economista do Instituto Ayrton Senna, que calculou as projeções.
O Instituto destaca que as projeções são feitas com base no histórico do Ideb e que se houver melhorias no desempenho, as estimativas podem mudar.
O Ideb mede, em escala de zero a dez, o desempenho e as taxas de aprovação de estudantes das redes pública e privada em Língua Portuguesa e Matemática. É o principal indicador da qualidade do ensino no país. As metas foram estipuladas pelo MEC com base no desempenho educacional de nações desenvolvidas em 2003.
"São índices absolutamente vergonhosos para o Brasil", reconheceu na quinta-feira o ministro da Educação, Mendonça Filho, no anúncio do Ideb. "É uma tragédia para a educação do país."
A meta do Brasil é alcançar a média de 6,0 da 1ª à 5ª série no Ideb que será medido em 2021 (e apresentado em 2022, ano do bicentenário da Independência). Essa média, segundo a projeção do Ayrton Senna, deve ser superada: a previsão é de que cheguemos a 6,6.
Para os três anos do ensino médio, a meta é de 5,2 mas a tendência atual é de que cheguemos apenas à nota 3,9.
"Com isso, vai se agravando a diferença (de desempenho) entre as etapas iniciais e finais de ensino", explica Penko.
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