Foi o que aconteceu na semana passada, quando se divulgaram os dados do IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, referentes a 2015. No ensino médio, a proficiência em matemática piorou. Sim, piorou. A de português ficou praticamente estagnada. De duas, uma: ou nossos homens públicos são incompetentes, geração após geração, ou a educação não é prioridade para eles. Em geral, fico com esta hipótese. População mal formada e informada, sem senso crítico, não contesta, não perturba, não reage, acredita em mentira, é mais fácil de manipular. Lição maquiavélica tupiniquim.
Esta conclusão me remete a outra, que sempre acontece quando saem os resultados do Pisa, programa da Unesco que afere conhecimentos básicos de matemática e qualidade de leitura e interpretação de textos em mais ou menos 60 países. Aqui também se pode fazer a aposta macabra e ganhá-la. Com certeza, o Brasil ficará na lanterna do certame, entre os 15 piores leitores e matemáticos. Os responsáveis pela educação já têm a resposta pronta para o insucesso, desgastada de tanto ser repetida: o Pisa não segue os nossos critérios de avaliação, portanto não afere nossa performance como deveria. Por que os demais países mal classificados não escapam por essa tangente? Por que, em vista da reprovação, tantos procuram melhorar o desempenho? A China nos dá um belo exemplo. Saiu da rabeira para assumir, em Xangai, a liderança do teste. Viraram os melhores leitores do mundo. E, com a população que tem, sete vezes maior que a nossa, o desafio deve ter sido difícil. Eles acreditam, cada vez mais, na educação. A liderança mundial que buscam depende dela.
Enquanto isso, a aposta macabra continua rendendo outros frutos. Dos candidatos ao ENEM, aproximadamente dois terços são analfabetos funcionais, isto é, passaram pelo menos 12 anos na escola e não aprenderam a ler e escrever com fluência. Pior ainda: quando se formam nos cursos superiores, um terço ainda continua nessa situação macabra. Que país sustenta seu desenvolvimento diante desse descalabro? Ou a educação, entre nós, também deixou de ser importante para o crescimento pessoal?
Luís Giffoni
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