O ex-poderoso chefão do Brasil e cada vez mais poderoso chefão apenas de suas próprias fantasias resolveu fazer uma reunião em Brasília com dirigentes do partido, deputados e senadores.
Depois de muito refletir, Lula chegou à conclusão de que, para se reconstruir no pós-impeachment de Dilma, os petistas não podem se comportar como atletas individualistas, que buscam jogar sozinhos. Não! É preciso haver união, entenderam? É necessário jogar para o time!
Fraga/Arte |
Ah, sim! O ex-presidente teve ainda outra ideia de potencial verdadeiramente revolucionário no mundo político-partidário: a necessidade de as várias alas do partido desenvolverem uma “estratégia comum de mobilização”.
Todos concordaram. Só não conseguiram definir que estratégia é essa.
O partido está batendo cabeça. Senadores, por exemplo, ficaram irritados com a forma peremptória como Rui Falcão — que também falou nesta quarta à noite — descartou o plebiscito sobre novas eleições, a genial ideia de jerico que alguns tiveram para enfrentar o aluvião do impeachment.
Não custa notar: Falcão está longe de ser o meu petista predileto — aliás, eu não o tenho. Mas, nesse particular, demonstra um grãozinho a mais de lucidez do que o resto dos malucos. A tese é de tal sorte esdrúxula que não serve nem mesmo como instrumento de resistência.
Por qualquer ângulo que se queira, trata-se de um troço inviável — que, de resto, não mobiliza ninguém. Mais: o pressuposto da proposta seria a volta de Dilma ao poder, o que, como ficou evidente na madrugada de quarta, não vai acontecer.
Com a voz bastante rouca, informa a Folha, Lula, o técnico, falou por longos 40 minutos com os seus pernas-de-pau.
Cada um jogou a bola para um lado. Falcão nem tocou no impeachment e preferiu falar das eleições municipais. O deputado Afonso Florence (BA), líder do partido na Câmara, decidiu falar da agenda de votações na Casa, e Humberto Costa (PE), líder do Senado, ao comentar o resultado da votação do impeachment, afirmou que o resultado foi o esperado — Dilma só obteve 21 votos — e que é preciso trabalhar para ganhar mais sete.
Ah, bom!
Ocorre que qualquer um sabe que o que está mais próximo de acontecer é a presidente afastada perder mais dois e a turma pró-impeachment ganhar mais três.
Que coisa, né? E pensar que esse partido venceu a eleição presidencial há um ano e dez meses e se preparava para meter goela abaixo da sociedade uma reforma política que tinha o objetivo de eternizá-lo no poder.
E pensar que, não faz tempo, os petistas haviam chegado à conclusão que já era hora de investir na destruição do PMDB — seu principal aliado, mas também, entendiam eles, a principal dificuldade para construir a hegemonia sonhada. E pensar que, há dois anos, os petistas já falavam abertamente que seria Lula a suceder Dilma, no quinto mandato presidencial consecutivo…
Hoje, o Babalorixá de Banânia não pode nem entrar num restaurante da Rota do Frango com Polenta, em São Bernardo. A recessão obrigou a maioria dos estabelecimentos a fechar as portas.
O Lula que se preparava para governar o mundo, com o seu partido, inclusive, exportando o modelo de caixa dois para países da América Latina, termina seus dias como técnico de um time de varzeanos pernas de pau.
Que fim merecido!
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