O Ibope divulgou que nenhum escritor da nova geração é lembrado em sua recente pesquisa, os contemporâneos na boca do povo se limitam a Paulo Coelho e Padre Marcelo Rossi. Cadê as livrarias de rua, que aproximam os autores dos leitores? O que foi feito das bibliotecas públicas?
Pontos de cultura, política pública de aproximação entre arte e público, têm sofrido para sobreviver. Artistas se fecharam em eventos, a sociedade os vê como vagabundos usurpadores do dinheiro público. Enquanto o impune crime da Samarco sufocava pessoas, vidas, patrimônios, artistas desfilavam no Planalto ao som de “Alegria alegria”. Após o governador baiano aplaudir uma chacina na periferia, o mais famoso ator brasileiro vinha de Los Angeles abraçá-lo e pedir dez milhões do Erário para um filme sobre Marighella. Em Salvador, ocuparam a sede do MinC ignorando que ele se localiza no abandonado Centro Histórico da primeira capital do país. Colocar-se dentro de um vestido chique e desfilar por Cannes com placas “Golpe no Brasil” não pega bem para 11 milhões de desempregados.
Esse distanciamento produziu uma profunda ignorância da sociedade a respeito do trabalho de fazer arte e da importância econômica e social desta indústria limpa e transformou os frequentadores palacianos, calados diante da dilapidação da Petrobras — principal empresa fomentadora de produções artísticas — em inimigos dos que morriam de bala e de falta de leito.
O governo interino fez lambanças como convidar medalhões nada a ver com a política para acalmar os ânimos; o desafio de Temer agora é criar um nobre ministério e dar espaço para Marcelo Calero, acabando o aparelhamento e fomento ideológico.
Não dá para abraçar um projeto de poder criminoso e sentir-se incompreendido pela população que pouco se beneficiou do Ministério da Cultura.
Thiago Mourão
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