sábado, 14 de novembro de 2015

Nada é tão ruim que não possa piorar

Sempre com maior intensidade, é esse o sentimento que domina o país: vai ficar pior. Prevalece a máxima décadas atrás lembrada por mestre Helio Fernandes, de que “no Brasil o dia seguinte sempre consegue ficar um pouquinho pior do que a véspera”.

A Câmara acaba de aprovar projeto anistiando todo vigarista que tenha mandado dinheiro podre para o exterior,caso se disponha a repatriá-lo. Nenhuma punição sofrerá por haver lesado a Receita Federal, muito menos em se tratando de recursos provenientes do crime, da corrupção, dos cofres públicos ou do tráfico de drogas.


Ao mesmo tempo, mais se enrola o deputado Eduardo Cunha em seus desmentidos que apenas confirmam participação nas remessas e na movimentação de milhões de reais em contas secretas na Suíça e outros paraísos fiscais.

O presidente da Câmara mantém-se no exercício de suas funções, auxiliado pelo governo, em troca de protelar decisões sobre pedidos de impeachment da presidente Dilma. Líderes dos partidos comprometem-se por escrito a sustentar quem os vem sustentando faz muito, através de benesses e favores variados.

O ajuste fiscal dorme nas gavetas parlamentares enquanto a crise econômica se adensa, prevalecendo apenas a redução de direitos trabalhistas, o aumento de impostos, taxas e serviços públicos, elevando-se o custo de vida e reduzindo-se o valor dos salários. Sucedem-se as greves sem que as reivindicações das diversas categorias sejam atendidas, ao tempo em que se discute se Joaquim Levy sai e Henrique Meirelles entra, ambos preparados para impor mudanças que só prejudicarão o trabalhador, beneficiando as mesmas elites de sempre. O desemprego se multiplica sem que se tenha ouvido uma palavra, sequer, do ministro do Trabalho, ao tempo em que a recessão se amplia.

Em meio à inação do Executivo e do Legislativo, quem melhor definiu o impasse atual foi o senador Cristóvam Buarque, esta semana.Da tribuna, denunciou a impossibilidade de o país sobreviver envolto na ânsia do lucro, na ganância, na improvisação, na corrupção e na avidez do consumo.

O lucro estimula o desenvolvimento, desde que não atropelado pela ganância, que gera a improvisação e deságua na corrupção, fator a estimular o consumo desmedido. Uma cadeia de fatores cujo resultado será a desagregação nacional. Vale aguardar o dia de amanhã para saber o que de pior vem por aí, na certeza dessa progressão ser inexorável.

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