quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Governo de Minas, a Vale e a mídia tentam minimizar a tragédia

Lamentável, mas o que se vê é a inércia do poder público no caso da tragédia de Mariana. A Defensoria Pública estadual já chegou ao município dizendo que vai propor um acordo coletivo. Imaginem, um acordo! Acordo vem depois da ação judicial instaurada, principalmente quando existem vítimas inquestionáveis. No momento não há litígio, há crime!

O promotor Carlos Teixeira tem prova irrefutável de negligência, pois dispõe do e questionamento jurídico e do laudo feitos em 2013, explicitando o risco de rompimento da barragem se não fossem feitas as exigências constantes no resultado da perícia dos engenheiros. Quer dizer, o crime estava previsto tecnicamente! Na gíria policial, chama-se a isso “batom na cueca”, não tem explicação nem defesa…


O processo não avança pois a Vale, o governo de Minas Gerais (que recebeu da empresa um generoso patrocínio na campanha eleitoral) e a mídia estão filtrando informações descaradamente. O G1 se refere a Samarco como ” a dona da barragem”, nem cita o nome da mineradora na primeira página do site.

Fala-se deste ridículo tremor de 1,8 e 2 graus, que pode até significar o abalo resultante do movimento do solo decorrente do próprio ajuste de terra causado pela ruptura, que se inicia no subsolo.

A mídia deixa proliferar, de forma capciosa, comentários dizendo que as casas é que se estabeleceram nos “morros” de forma irregular. Meu Deus, Bento Rodrigues é do século XVIII! Tem até capela histórica soterrada. A Samarco é que veio depois, óbvio.

Enfim, o conglomerado empresarial financiador das campanhas de praticamente todos os partidos em Minas sairá desta tragédia apenas chamuscado. Mais uma vergonha nacional patrocinada e realizada pelo famigerado tripé – Estado, elite econômica e mídia amestrada.

Vejam o que pensa a respeito o governo de Fernando Pimentel, do PT, através do secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Altamir Rôso. No Fórum de Mineração realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte, disse a autoridade:

“A empresa (Samarco) é uma das que mais se preocupam com segurança e com meio ambiente. Todas as licenças da empresa estão devidamente corretas e tudo foi feito para que isso não ocorresse. Em um primeiro momento nossa ação é com as pessoas, e depois com o tempo, serão feitas as análises para ver o que ocasionou esses problemas. Neste primeiro momento temos que ser solidários, tanto com a empresa, que também é uma VÍTIMA, como com a população e os trabalhadores”.

Bem, se meretíssimo juiz estiver satisfeito, já se pode dispensar a testemunha…

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