quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Reformar a política

Ou seria um melhor título "Como evitar uma insurreição"?

Derrotas não devem ser atribuídas somente a erros individuais, mas podem revelar uma crise institucional.

Os políticos são amorais quando propõem metas falsas para pedir mais sacrifício à sociedade. Cabe às lideranças políticas, na qualidade de representantes do povo, apresentarem as soluções para as crises, com uma estimativa correta das probabilidades de êxito, porém o que se constata é que lutam para aprovar remendos irreais para atender às suas convicções casuísticas ou de seus grupos heterogêneos e voláteis.

É o povo, conjunto da sociedade, que fornece o sangue e as riquezas necessárias para levar adiante as mudanças esperadas.

Os conflitos de grandes proporções requerem mobilização plena. O povo até então silencioso busca se identificar com uma liderança, para segui-la. Esse é um perigoso momento, no qual defensores de vassouras éticas, caçadores de marajás ou guias carismáticos surgem, e o povo os seguirá. Com o passar do tempo, haverá retrocesso, pois esses líderes da mentira serão de alguma forma denunciados, julgados e depostos. O modo como isso se processará é extremamente variável e preocupante, bastando lembrar o que ocorreu no mundo nesses últimos 70 anos.

Nunca se conseguirá fazer a coisa certa por inteiro, sendo aconselhado não errar demais, para poder corrigir o curso em tempo hábil. Trágico supor que os embates do futuro serão parecidas com os do passado. Partir para o confronto, em busca de uma utopia, a todos pode derrotar.


Legisladores, ao sistematicamente apoiarem os governos de plantão, dão prova de fisiologismo e hipocrisia. Com o povo nas ruas declaram de que estão ouvindo as massas e apressam comissões estéreis.

Quantos serão esses congressistas picaretas? Quantos já foram presos? Caciques políticos divergem, porém os jornais em 2015 noticiaram que estão sendo processados por homicídio, corrupção, envolvimento com o narcotráfico e “até” denúncias relativas a irregularidades em campanhas eleitorais, 37% dos deputados federais e senadores. Já foram cassados 274 dos prefeitos eleitos nas últimas eleições, o que representa 5% do total. A expectativa é que essas marcas sejam ultrapassadas até dezembro de 2016. Isso tudo seria mais desastroso se não houvesse a Lei da Ficha Limpa, que impediu a candidatura de candidatos condenados em decisões judiciais de mais de um desembargador.

Temos que promover a substituição de maus políticos por estadistas, mas parte desse desafio é consequente ao comportamento da sociedade, que pouco faz para eleger lideranças inteligentes, criativas e corajosas. Os eleitos são promovidos seguindo padrões de carreira, prevalecendo o estímulo à conformidade. A coragem moral de um estadista é muitas vezes inversamente proporcional à sua popularidade.

Precisamos reformar a política, sem remendos, pois a segurança institucional é a medida mais importante de como evitar uma insurreição.

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