A primavera brasileira chegou com um calor infernal, em perfeita sintonia com o clima político, econômico e judicial.
Um querido amigo comunista ficou indignado quando escrevi que a maior inimiga da corrupção é a privatização e vibrou com o escândalo das fraudes da Volkswagen.
“Rará ! Me diga agora: em matéria de executivos quem são os piores, os da Volkswagen ou da Petrobras?”
A diferença é que os safados da VW fraudaram normas ambientais, enganaram os consumidores e desmoralizaram a companhia, e os da Petrobras, além de encher os próprios bolsos, roubaram e degradaram a empresa para fraudar o processo eleitoral e a democracia, para eternizar no poder um partido político.
Outro amigo, lulista e não muito inteligente, está furioso com os jornalistas “orgânicos” e petistas históricos Ricardo Kotscho e André Singer, ex-porta-vozes de Lula, porque em vez de defenderem os desatinos e ladroeiras do governo Dilma, ousam reconhecer o tamanho da encrenca e do buraco a que nos levaram a “nova matriz econômica" e a gestão desastrosa da gerentona. São vistos como “traidores”. Mas Zé Dirceu, Vaccari, André Vargas e Delúbio são guerreiros do povo brasileiro.
Ele gosta é dos “blogueiros progressistas", pagos com verbas de estatais, que, no desespero pela iminente perda da boquinha, começam a fazer sucesso como humoristas involuntários. Um clássico do humor chapa branca foi a manchete da pesquisa com Dilma rejeitada por 93% da população: "7% apoiam Dilma"... Rsrs.
Minha geração sobreviveu aos desvarios autoritários de Jânio Quadros, aos delírios populistas jango-brizolistas, à brutalidade e intolerância da ditadura, à superinflação e à moratória de Sarney, ao criminoso plano econômico de Collor e ao seu impeachment, mas está puxado aguentar as trapalhadas de Dilma. São anos e anos de trabalho jogados fora e nossas economias virando pó.
Se contar ao meu neto de 19 anos como vivemos e superamos tudo isso, desconfio que ele vá pensar que o vô fumou alguma coisa forte, mas na verdade esses desastres históricos parecem mesmo inacreditáveis. Como Dilma presidenta.
Nelson Motta
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