quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Dança das cadeiras

Não chega a ser novidade jornalistas em começo de carreira ocuparem editorias variadas. Aliás, todos consideram ótimo para acrescentar vivência e repertório. Porém, com o passar do tempo, muitos tendem a se especializar em determinados nichos, acrescentando a tradicional qualidade no domínio do jargão e na ampliação das fontes. Como efeito colateral, criam vícios de linguagem. Isso quando não passam a ver a vida apenas sobre seus ângulos prediletos.

Pensando em prevenir a estagnação de sua equipe, o jovem e idealista editor chefe propôs uma espécie de “dança das cadeiras” em seu periódico. Uma vez por semana, de forma lúdica (há quem adore este termo), os jornalistas circulam pela sala ao som de uma música. Quando ela para, ocupam a cadeira mais próxima, incumbidos de cumprir a tarefa do colega que ali trabalha. O resultado? Bom, pode ser medido pelo desempenho do Adolfo Jr. Neto, editor de esportes, para o qual coube falar de economia: Câmbio.

É desastroso o desempenho da nossa moeda no cenário internacional. Estamos levando muitas bolas nas costas e vendo Dólar e Euro dispararem sem esboçar reação.

Uns culpam o flanco esquerdo. Acusam a sua fragilidade política de estar enfraquecendo a economia. Outros, apontam as falhas do lado direito: seus ataques inconsequentes (e aparentemente inócuos) mais desguarnecem nossa moeda do que intimidam as demais. Terceiros responsabilizam o setor de articulação: não estaria conseguindo compactar nem o discurso, nem o meio de campo.

Há quem diga ser tudo culpa do técnico – ele fora escolhido pela presidência em desacordo com sua base de sustentação por ser do tipo ortodoxo, frio, moralizador. Pessoalmente, acho complicado colocar tudo em suas costas (mesmo que sejam largas): ele opera com o que a economia tem em campo. E, convenhamos, será difícil fazer forças díspares atuarem com coesão.

Outra questão premente: em que momento lançar mão de reservas? Com o certame assim desfavorável, o medo é queimar reservas sem a menor garantia de reversão de escore. E a regra é clara: o banco não é fonte inesgotável de ativos.

Para piorar, nem mesmo a torcida é voz harmônica neste instante. A ala dos exportadores considera ótimo o momento para vender. A facção dos que necessitam compor com insumos vindos de fora esbraveja e vaia. Tem os que acreditam no “quanto pior, melhor”, mirando o enfraquecimento da diretoria; e os que, fiéis, apostam na recuperação com ajuda divina.

É, minha gente, a coisa não anda fácil no campo da economia e o cronômetro não está do nosso lado. A solução virá de uma retranca ou de um esquema mais audacioso? Usaremos reservas para virar este jogo? Cai a presidência, troca o técnico ou a moeda reanima-se sem grandes alterações? Esperaremos um tropeço do Euro, um vacilo do Dólar?

Tudo pode acontecer antes do apito final. Só não vale virar casaca.

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