sábado, 22 de agosto de 2015

Quem sabe faz a hora

Não tem qualquer sentido comparar numericamente as manifestações de domingo e as desta quinta-feira. Seria covardia. Pelos dados oficiais da PM, as de domingo superaram 870 mil e as de hoje, 72 mil. Na quantidade de cidades, os atos do dia 16 chegaram a 204; hoje, a 37.

O que chama atenção é a organização.

A ordem unida das entidades chapa-branca (todas elas, é sempre bom lembrar, com patrocínios oficiais), com farta distribuição de bandeiras e cartazes produzidos em série nos pontos de concentração, dá o ar de coisa ensaiada. Um mesmo cenário que acaba por pasteurizar as manifestações.




Nos atos de domingo, nem o sentido das passeatas pareciam pré-combinados. Na Avenida Paulista, enquanto alguns iam para um lado, outros iam para outro. Cartazes escritos à mão, bandeiras do Brasil de vários tamanhos; dezenas de camelôs vendendo bandanas, broches e todo tipo de adorno verde-amarelo.

Mais do que no tamanho e na capilaridade de uma e de outra, a maior diferença está naqueles que têm crença e apostam que podem fazer a História e nos que se deixam manipular pelos que se arvoram a ser - e acham que são - os únicos capazes de fazer a História.


Mary Zaidan

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