Num mundo cada vez mais rápido, em que as informações se disseminam por múltiplos meios –graças ao tablet, ao celular e às mídias sociais-, o jornal tem futuro. Mas é preciso fazer a lição de casa.
O jornalismo, fustigado pelo protagonismo da internet, foi raptado pela perda de qualidade do conteúdo, pelo perigoso abandono de sua vocação pública e pela sua equivocada transformação em produto mais próprio para consumo privado.
Impõe-se resgatar o entusiasmo do “velho ofício”. É urgente investir fortemente na formação e qualificação dos profissionais. Sem jornalismo público, independente e qualificado, o futuro da democracia é incerto e preocupante.
A sobrevivência dos meios tradicionais demanda foco absoluto na qualidade de seu conteúdo. A internet é um fenômeno de desintermediação. E que futuro aguarda os meios de comunicação, assim como os partidos políticos e os sindicatos, num mundo desintermediado? Só nos resta uma saída: produzir informação de alta qualidade técnica e ética.
Apostar em boas pautas -não muitas, mas relevantes- é uma saída. É melhor cobrir magnificamente alguns temas do que atirar em todas as direções. O leitor pede reportagem. O lugar do repórter é na rua, garimpando a informação, prestando serviço ao leitor e contando boas histórias. Elas existem. Estão em cada esquina das nossas cidades. É só procurar.
Há um modelo a ser seguido? Nas experiências que acompanho, ninguém alcançou a perfeição e ninguém se equivocou totalmente.
O perceptível é que os jornais estão lentos para entender que o papel é um suporte que permite trabalhar em algo que a internet e a rede social não fazem adequadamente: a seleção de notícias, jornalismo de alta qualidade narrativa e literária. É para isso que o público está disposto a pagar. Também na internet.
A fortaleza do jornal não é dar notícia, refém do factual. É se adiantar e investir em análise, interpretação e se valer de sua credibilidade.
Para mim, o grande desafio do jornalismo é a formação dos jornalistas. Se você for a um médico e ele disser que não estuda há 25 anos, você se assusta. Mas há jornalistas que não estudam nada há 25 anos.
O jornalismo não é só rotativa ou tecnologia: o valor dele se chama informação, talento, critério. Por isso é preciso investir em jornalistas com boa formação cultural, intelectual e humanística - pessoas que leiam literatura, sejam criativas e motivadas. E, além disso, que sejam bons gestores.
As competências são demasiadas? Talvez. Mas é o que nos pede um mundo cada vez mais complexo e desafiante.
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