O monstrengo foi certamente um dos maiores erros dos governos petistas, pelo poder de espalhar estragos por toda a gestão pública e impregnar no Estado gordura, desperdício de dinheiro, ineficiência e corrupção. Se, em vez de alimentar o monstrengo por 12 anos, Lula e Dilma fizessem uma verdadeira reforma administrativa em 2003, delimitando o governo no espaço capaz de atender aos interesses do País, não teriam passado esses 12 anos tendo de comprar votos de parlamentares a cada proposta do Executivo enviada ao Congresso. Não se trata de intransigência de nunca ceder aos políticos. Afinal, um governo de coalizão implica dividir o poder entre os partidos que o apoiam, desde que esta divisão seja feita com critérios éticos, na concepção de um Estado eficiente, que sirva às demandas da população e não aos interesses financeiros dos partidos, que resultam em corrupção, degradação moral e descrédito político do Executivo e do Legislativo. Exatamente a situação que prosperou nos últimos 12 anos e hoje vive seu ápice com rejeição popular e panelaços.
Em 2003 Lula e o PT detinham credibilidade política, arrancada das urnas e de uma história de lutas. Era o momento certo para fazer uma reforma administrativa capaz de ser festejada por longo tempo pelos brasileiros, que neles depositavam esperanças. Fizeram o oposto: com o discurso falso, que não convence ninguém mais, de que os neoliberais é que defendem o Estado mínimo e que ele precisa ser ampliado e fortalecido, incharam o governo com mais 18 ministérios. Para quê? Para loteá-lo e colocá-lo a serviço da classe política. E foram modelando o monstrengo, na contramão do mundo: os EUA têm 15 ministérios; a Alemanha, 14; a Itália, 18 ;e a Argentina, 13.
Agora Dilma fala em reduzir ministérios e encomendou projeto ao Ministério do Planejamento. Mas, em vez de usar critérios de eficiência em gestão, descamba para interesses políticos menores, pois os ligados aos movimentos sociais e ocupados pelo PT serão preservados. Por que Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos precisam estar estruturados em ministérios?
O momento da reforma, infelizmente, passou. O governo e o PT perderam credibilidade e não será reduzindo ministérios sem critérios técnicos que vão reconquistar a confiança e o respeito da população.
Suely Caldas
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