terça-feira, 10 de março de 2015

Liderança de Dilma Rousseff desmorona

Rejeição a seu discurso se deve ao acúmulo de dados negativos em três frentes de seu Governo: a econômica, a política e a ética
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O primeiro discurso à nação da presidenta Dilma Rousseff, aos dois meses do início de seu segundo mandato, recebido na noite de domingo em uma dúzia de cidades, entre elas as emblemáticas São Paulo e Brasília, com vaias e um panelaço, pode ter sido uma prévia das manifestações de protesto contra ela anunciadas para o próximo domingo, dia 15.

A rejeição ao discurso da presidenta foi mais significativa por ter se dado no momento de começar a falar, antes de se saber o conteúdo de suas palavras. Era um sinal de que para uma parte da população, em especial a classe média mais bem informada, sua credibilidade está seriamente comprometida.

Mais que contra sua pessoa, já que ninguém a considera uma política corrupta, a rejeição a seu discurso se deve ao acúmulo de dados negativos em três frentes de seu Governo: a econômica, a política e a ética.

Desde a redemocratização do país o Brasil não vivia um momento tão crítico. O anúncio de cortes que afetam tanto a classe média quanto os mais pobres, com o país à beira da recessão, onde só crescem a inflação, o valor do dólar, o déficit público, os juros dos bancos e até o fantasma do desemprego, junto com os escândalos de corrupção política, criou um curto-circuito entre a opinião pública e a Presidência da República.

Dilma, bode expiatório ou talvez vítima? Pouca diferença faz para uma população desencantada e irritada. A ela se atribui falta de traquejo político, dificuldade de delegar, falta de tato e de vontade de lidar com um Congresso no qual acabou perseguida e encurralada inclusive por boa parte de sua ampla maioria de dez partidos.

A isso se junta o fato de a presidenta nunca ter contado, menos ainda neste momento, com o apoio pleno de seu partido (PT), e a sua relação com seu criador e tutor, o ex-presidente Lula da Silva, ter acabado por se deteriorar.

Se um dia se falava do dilmismo como continuação gloriosa do lulismo e dos anseios não confessos da presidenta de empreender um voo político próprio, sem a muleta do carismático Lula, hoje o escândalo da Petrobras, que viveu sua maior virulência nos governos Lula-Dilma, perpetrada pelas figuras por eles colocadas na empresa, que acabou saqueada para financiar fundamentalmente os partidos governistas, isso parece ter se tornado um sonho já apagado.

As ruas pedem a saída de Dilma do governo e gritam “fora PT”. Talvez ainda não saibam o que querem em seu lugar. Não sabem o que desejam para amanhã, mas sim o que exigem para hoje
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Leia mais o artigo de Juan Arias

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