Os detentores e exploradores do poder reagem proclamando estar sendo proposto um golpe contra a democracia. Dizem que é tramada a volta de 1964. E para completar, Lula, ex-presidente por dois mandatos, também ajuda a aumentar a confusão, ao conclamar que o “exército de Stédille” saia às ruas para o enfrentamento.
As razões e questões que levam brasileiros a pensar não apenas no impeachment de Dilma Rousseff, mas em ato mais profundo, estão expostas em vários textos escritos nos últimos meses pelos defensores da intervenção militar. Para eles, os substitutos de Dilma não são confiáveis e não possuem mínimas condições de exercer o poder, por estarem tão contaminados quanto ela.
Cinquenta anos após o golpe de 1964, maus brasileiros, falsos democratas, antinacionalistas, indivíduos sem caráter, sem ética, sem princípios, ávidos pelo poder, por riqueza pessoal e acúmulo de bens que não poderão levar ao além-túmulo, tudo fizeram para que aqui chegássemos e continuam empurrando para o lixo o país que deveriam amar e defender.
Minha geração nasceu e viveu em plena revolução de 1964. Atravessamos duas décadas medindo nossas ações, palavras e pensamentos, esperando a oportunidade de retomarmos a plena e responsável democracia.
Agora, passadas apenas três décadas, assistimos ao horror que faz a corrupção a um país e a seu povo. E tudo patrocinado por alguns daqueles que, como eu e você, viveram momentos que gostaríamos tivessem ficado na história, no passado, para servir de exemplo e mostrar que não se deve cometer os mesmos erros.
Quando uma nação é comandada por alguém sem qualidades morais, que desperdiça os recursos produzidos pelo povo, aplicando-os de forma errada, e permite sejam surrupiados; quando um poder legislativo a todo momento comete atos que beiram o deboche, não enxergando e entendendo o que se passa em seu entorno; e, quando o judiciário perde a linha da justiça, da seriedade e não se preocupa mais em defender o estado de direito, o que resta aos cidadãos comuns?
Que Deus não permita, mas tudo indica estarem se avizinhando tempos escuros, sombras e mais perdas para quem já perdeu quase tudo. É duro imaginar que deixaremos este legado às futuras gerações.
Antonio Fallavena
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