Marcada para o
dia 27, terça-feira, a primeira reunião do ministério arrisca-se a ser a última.
Pelo menos, com os atuais ministros empossados no primeiro dia do ano, somados
aos que permaneceram, no total de 39. Isso porque, depois de conhecida a lista
do procurador-geral da República relacionando supostos envolvidos no escândalo
da Petrobrás, será possível à presidente Dilma fazer alguns ajustes. Poderá
dispensar ministros porventura denunciados, assim como recrutar aliados que
ficaram fora da lambança.
De qualquer
forma, essas reuniões ministeriais perderam sua razão de ser depois que a equipe
inchou. Servem apenas para a presidente dar recados genéricos, quando não passa
reprimendas, tornando-se inviável que cada um dos presentes possa sequer dar
bom dia aos colegas, quanto mais expor suas metas, suas dificuldades, pedindo e
contribuindo com conselhos para o
vizinho do lado. Meia hora que fosse para cada um pronunciar-se e dois dias não
seriam suficientes, mesmo sem intervalo para refeições ou para uma soneca.
Não dá para
governar em colegiado, ou seja, facultando-se a todos os ministros opinar a
respeito de temas comuns ou até colaborando, uns, nas questões dos outros, como
já aconteceu no passado. Cada vez mais dividido em compartimentos estanques,
pelo número absurdo de participantes, o ministério tornou-se uma entidade
insossa, amorfa e inodora, na medida em que todos ouvem a palavra presidencial
mas ficam impossibilitados de debater e apresentar opiniões ou discordâncias.
Nada diferente daquelas vetustas salas de aula do passado, onde o mestre-escola
pontificava e os alunos calavam.
Sequer se
torna possível dividir o ministério em grupos determinados, como o político, o
econômico, o social e o da infraestrutura. Vigora hoje a ditadura presidencial.
Em separado, só poucos ministros conseguem despachar com a presidente. Outros
chegarão ao final do ano conhecendo apenas o auditório palaciano, sem ter
entrado no gabinete de Dilma, limitados às bissextas reuniões conjuntas. Numa
palavra, ministros de primeira e de segunda classe, poucos privilegiados,
muitos discriminados, mas todos calados e subservientes.
Cada vez mais
o exercício da chefia do governo torna-se tarefa monocrática, especialmente se
seu ocupante apresenta temperamento e características monárquicas. Se impõe sua
decisão sem admitir ponderações ou sugestões. O resultado é seu isolamento
permanente, dentro da concepção de que ministros existem para obedecer e
cumprir ordens. Já se foi o período em que tinham condições e coragem para
expor roteiros de ação e até correções de rumo. Curvam-se à fala do trono.
Precisamente o que assistiremos dia 27.
Coincidência
não foi a manifestação contra o aumento das tarifas de transporte publico
verificada em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, na noite de sexta-feira. Até a
baderna que se seguiu às passeatas pacificas terá sido minuciosamente
programada. Vieram as mesmas depredações de sempre, com personagens encapuzados
e organizados. Seria bom prestar atenção. Se a onda de julho de 2013 voltar,
será bem mais violenta.
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