Na iminência
da divulgação pelo procurador-geral da República da nova lista de envolvidos no
escândalo da Petrobras, agora referente a deputados e senadores, emerge o
fantasma da impunidade. Ninguém garante que os possíveis acusados já não se
tenham blindado através de competentes advogados, prontos para apresentar uma
só defesa. No caso, o reconhecimento de terem recebido das empreiteiras e de
seus asseclas vultosas quantias, mas para ajudá-los nas campanhas eleitorais.
Ignoravam sua origem e, em especial, que provinham de desvio de recursos
públicos, do superfaturamento e de aditivos de contratos celebrados com a
estatal petrolífera.
O argumento,
apesar de falso, faz sentido e poderá ser admitido pelo relator do processo,
ministro Teori Savaski, e os demais ministros do Supremo Tribunal Federal.
Nessa hipótese, as denúncias assinadas por Rodrigo Janot não seriam aceitas, a
menos que o procurador-geral dispusesse de provas concretas sobre a
participação de parlamentares na lambança. Afinal, doações eleitorais feitas
por empresas privadas são permitidas por lei. Até as campanhas de Dilma
Rousseff e Aécio Neves foram aquinhoadas com milhões de reais por parte das
empreiteiras. Evidenciar que parlamentares e partidos ajudaram na concessão de
contratos fajutos não parece fácil. Será a palavra dos delatores contra a
suposta indignação dos parlamentares.
Esse nó
precisa ser desatado, pois apesar das expectativas, vem impedindo a divulgação
da lista. Provas testemunhais, como a dos dois bandidos beneficiados pela
delação premiada, não substituem provas documentais. E essas não se resumem a
anotações em folhas sem timbre nem assinaturas, como as apreendidas nas sedes
de algumas empreiteiras. Uma folha de papel, já se disse, aceita tudo, desde a
poesia mais bonita até a mais execrável das mentiras, bastando que se disponha
de um lápis.
Não deixa de
ser vergonhosa essa argumentação, superada pela evidência dos fatos e pela
indignação nacional, mas, infelizmente, é o cenário que se desenha. Os
corruptos estão temerosos, por certo, mas também confiantes em que escaparão
das condenações, das cassações e da prisão. Impunidade, seu nome é Brasil! A
menos que a Providência Divina e o Supremo Tribunal Federal venham em nosso
socorro.
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