O interminável
romance de investigação do escândalo da Petrobras, com denúncias que projetam a
nação no mais desconfortável estado de comprometimento de nossas referências
morais, legais e políticas, ao que parece, está longe de chegar aos seus
capítulos finais. De tudo que veio à tona nos últimos meses, muito já se sabia.
Documentos comprovam isso, no cipoal que agora elevou para cifras bilionárias o
ritual de manobras organizado para emagrecer as reservas da maior empresa
brasileira e engordar contas na Suíça, pagar campanhas eleitorais, financiar a
compra de apartamentos, carros e amantes de luxo. Qualquer saca-trapo que
esteve envolvido na ladroagem surge do nada com a oferta de devolver milhões na
Justiça e seguir livre para usufruir do que não devolveu.
Não há um dia,
há décadas na vida do Brasil, sem que se tome consciência de uma fraude, um
ajuste espúrio, uma transgressão. Essa situação, está mais do que provado,
decorre primeiramente do gigantismo do Estado brasileiro, presente em todas as
esquinas e recantos onde estejam poder político e dinheiro, independentemente
do grau de influência, espaço e volume que se possa operar.
Há
interessados para todo tipo de ardil, de má-fé, de mutreta. Frauda-se da
merenda escolar à compra de jatos. Depois, contribui decisivamente para que
esse quadro se torne uma realidade permanente a certeza da impunidade, porque
se dificulta, atrasa, entorpece a ação de quem no próprio Estado está na outra
ponta da linha e desejoso de mudar as coisas.
Há
funcionários e agentes públicos no Executivo, no Legislativo e no Judiciário
que têm formação e compromissos de caráter, com vontade e disposição para
combaterem no terreno cada vez mais fértil da corrupção e da criminosa
irresponsabilidade que acomete a sociedade brasileira. Com tudo que se perceba
na dimensão endêmica da fraude, há cidadãos atingidos na alma por se sentirem
incapazes para encabeçar a reação necessária a esse quadro de flagelo moral de
nossas instituições públicas.
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