quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Entre vaias e segredos


Metade da diretoria da Petrobras sob comando de José Gabrielli é alvo de investigações por corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil, nos EUA, na Holanda e na Suíça

Ele se surpreendeu ao voltar de uma viagem a Portugal, dias atrás. Primeiro, com ocasionais zombarias dentro do avião, audíveis o suficiente para incomodá-lo durante toda a travessia do Atlântico. Na chegada, sob um coro de vaias a bordo, o baiano José Sérgio Gabrielli de Azevedo, 65 anos, achou melhor desembarcar e procurar outro voo rumo a Salvador.

Um dos personagens mais influentes da era Lula, Gabrielli trocou o circuito acadêmico dos economistas em 2003 pela cadeira de diretor financeiro da Petrobras. Embarcado na presidência em 2005, ali ficou por sete anos. Tornou-se o mais longevo entre os 34 que comandaram a estatal nas últimas seis décadas.

Saiu há dois anos e nove meses, com a fantasia da candidatura ao governo da Bahia pelo PT. O sonho se perdeu na poeira da confusão crescente nas últimas 132 semanas sobre a sua gestão na Petrobras: num breve passeio pela sede da empresa, na Avenida Chile, no Centro do Rio, percebe-se como a maior estatal brasileira virou um conglomerado de advocacia e contabilidade, que também produz petróleo e derivados.

Metade da diretoria comandada por Gabrielli, até fevereiro de 2012, é alvo de investigações por corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil, nos EUA, na Holanda e na Suíça. Dos seis ex-diretores, dois estão presos. Balanços estão em revisão, e auditores ainda relutam em subscrever a contabilidade de novos ativos, entre eles os da refinaria Abreu e Lima (US$ 20 bilhões), do Comperj (US$ 15 bilhões), de plataformas e sondas (US$ 17 bilhões). Os gastos nessas três áreas equivalem à soma do Produto Interno Bruto do Uruguai, do Paraguai e da Bolívia.
Leia mais o artigo de José Casado 

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