quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A vaca foi para o brejo?


A única maneira de se ter esperança no Brasil de hoje é acreditar que os escândalos a que assistimos sejam o indício de uma mutação histórica, para melhor.

Nunca vi nada igual. Todas as certezas estão desabando, toda fé, todas as esperanças morrem diante dessa abundância de escrotidões, esse despautério de horrores. A gente liga a TV, lê o jornal e cai em cava depressão. “Tudo que é sólido desmancha no ar”, como disse Marx, tão mal entendido pela esquerda burra que tomou o poder na base da mentira e fraudes, como vemos com as granas “legais” que a tesouraria do PT recebeu dos restos de propinas. A velha “esquerda” sempre foi um sarapatel de populismo, getulismo tardio, leninismo de galinheiro e, desde 2002, inventou a adesão monstruosa aos velhos roubos da velha direita.

A chegada do PT ao governo reuniu em frente única: as oligarquias privadas com o patrimonialismo do Estado petista. Foi o pior cenário para o retrocesso: Sarney, Calheiros, até Collor, unidos aos idiotas bolivarianos. Essa base de ação foi o adubo para os crimes da Petrobras e outras dezenas de roubalheiras em hidrelétricas, aeroportos, portos, tudo.

O advogado de um dos acusados disse a frase síntese: “No Brasil, se não der uma grana na mão dos governantes, nem um paralelepípedo você coloca no chão”. E é o país inteiro, não apenas a PTbrás.

Mas, de quem é a culpa disso tudo?

Claro que a responsabilidade principal é a aplicação bolchevique do “toma lá, dá cá”, através do presidencialismo de cooptação para obter apoio dos partidos, ou seja, a corrupção permitida e estimulada é o motor petista da governabilidade. Pode uma coisa dessas?

Será que os costumeiros ladrões já sacaram que a “mão grande” é o novo “hype”?

A destruição da Lei de Responsabilidade Fiscal que Dilma iniciou é o exemplo dessa permissividade. Cada prefeitura do país vai partir para gastos corruptos. As instituições democráticas estão sem força, se desmoralizando, já que o próprio governo as desrespeita.

Será que é culpa dos organismos arcaicos do Poder Judiciário?

Ou será o surgimento de novos problemas que não são solucionáveis com os velhos mecanismos de poder?

Mas o que preocupa é que todo esse gigantesco volume de crimes denunciados possa gerar um congestionamento na Justiça, uma turbulência irreversível que transforme tudo numa massa jurídica informe. O exército de advogados já está convocado para novas e caras chicanas. O que estamos vivendo pode virar um apocalipse institucional.

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