sábado, 1 de novembro de 2014

Três perguntas para Dilma



Dilma Rousseff obedeceu a uma lei de ferro da vida eleitoral: como candidata vitoriosa, pronunciou um discurso que parecia ter sido redigido por Aécio Neves, seu rival. Falou em mudar, não em conservar o que já foi conquistado. Anunciou um acordo com os adversários, que, de repente, deixaram de ser os inimigos do povo. Propôs uma aproximação com os setores produtivos. E comprometeu-se a reduzir a inflação e buscar a estabilidade fiscal. Esta correção do tom conceitual da campanha, em vez de esclarecer, aprofunda os três grandes enigmas que a vitória apertada do PT coloca no Brasil.

A primeira pergunta é como Dilma vai se movimentar no novo tabuleiro do poder. Com seu discurso, a campanha da presidenta estimulou uma contradição de pobres contra ricos, Norte contra Sul, povo contra elites brancas. Quem aspira construir hegemonias sempre apela para essa estratégia bipolar. O problema é que as urnas negaram ao PT os recursos para essa hegemonia. O PT perdeu 18 deputados em um Congresso pulverizado entre 28 partidos. E vai governar apenas um dos grandes Estados brasileiros: Minas Gerais.

O vínculo com a oposição foi prejudicado por uma agressividade de discurso que o Brasil desconhecia. Por isso, a presidenta vai depender mais de sua aliança com o PMDB, que tampouco lhe bastará para ter maioria em matéria de deputados. O PMDB perdeu 13 assentos e é um agrupamento anfíbio, que em mais de um terço dos Estados apoiou Aécio, do PSDB. A divisão dos 39 Ministérios do gabinete federal será uma tarefa para mágicos.

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