Prometa uma coisa e faça o contrário.
Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa
vã filosofia.
Bom esse Shakespeare. Sabia das coisas. Não votava nem no PT
nem no PSDB mas era antenado na tal da alma humana.
Durante a campanha eleitoral, o PT, pai e protetor dos
pobres, mostrou, sem nenhuma clemência, que Marina Silva, a seringueira fajuta,
na verdade era instrumento dos banqueiros para instalar-se no poder e sugar os
pobres. A Sra. Neca Setúbal, com esse sobrenome, era a prova viva da
conspiração banqueiro-seringueira.
Os anúncios de João Bendengó Santana mostravam uma mesa onde
crianças comiam a sua ração diária, que ia sendo apagada e reduzida à medida em
que os banqueiros avançavam sobre a taxa de juros. Cada meio ponto a mais na
taxa de juros, as proteínas e os carboidratos iam sendo apagados dos pratos das
crianças pobres.
Um anúncio sórdido como esse chegou a ser classificado como
muito talentoso por profissionais da publicidade. E por profissionais da
militância.
Tudo isso para que 72 horas depois da apertadíssima
reeleição de Dilma Rousseff, o Banco Central anunciasse uma elevação de 0,25%
na taxa básica de juros. Por que os bancos centrais aumentam a taxa de juros?
Para controlar a inflação. Mas a inflação, não repetiu exaustivamente a
soberana nos debates eleitorais, já não estava sob controle?
Seria uma maneira de tranquilizar o mercado. Embora Lula, em uma de suas inúmeras bravatas, tenha dito que ele (e o PT, por supuesto) nunca governaram para o mercado, até os paralelepípedos da rua sabem que a famosa Carta ao Povo Brasileiro de 2001, que Antônio Palocci submeteu à aprovação de Joao Roberto Marinho (“o povo não é bobo/abaixo a rede Globo”), era mais do que um aceno ao mercado. Era um juramento de que o programa do PT seria arquivado e que a política econômica (neoliberal?) de FHC seria seguida religiosamente.
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