Como não desconfiaram dos seguidos aditivos, que adicionavam novos custos às obras e novos prazos?
Como é que a
Petrobras pode ter cometido tantos erros? Pois, antes de mais nada, é um erro
empresarial brutal começar a construir uma refinaria, esta mesmo, a de
Pernambuco, calculando que vai custar US$ 4 bilhões, depois gastar US$ 18
bilhões, e a obra ainda não está pronta. Mesmo que tudo tivesse sido feito com
a maior honestidade, é evidente que as diretorias da empresa e seu Conselho de
Administração fizeram uma péssima gestão. Como é que não perceberam que o
negócio estava errado?
Essa mesma
pergunta pode ser dirigida a todos os dirigentes honestos que não perceberam o
tamanho do desastre e a corrupção que se praticava na empresa. Ou perceberam e
não puderam contar aos demais órgãos de controle?
Como ninguém
desconfiou dos seguidos aditivos, que adicionavam novos custos às obras e novos
prazos? Reparem, não um, mas todos os investimentos relevantes ficavam cada vez
mais caros e demoravam mais tempo.
Lembram-se do
que disse o ex-diretor Paulo Roberto Costa quando perguntado, no Congresso,
sobre o aumento dos custos da Refinaria Abreu e Lima? Que o projeto inicial
estava errado, fora feito em cima das pernas. Na ocasião, não falou das
propinas que entregaria na delação premiada. Mas ele tinha razão em apontar o
improviso como uma das causas do problema.
E isso remete
a responsabilidade administrativa e política ao ex-presidente Lula. Foi ele
mesmo que disse, em entrevista publicada pelo jornal “Valor”, em 17 de setembro
de 2009, quando o país saía da crise. O então presidente reclamava que
empresários brasileiros eram conservadores no investimento, que era preciso
partir para o ataque.
Exemplificou
contando que até a diretoria da Petrobras lhe apresentara um plano de
investimento que ele considerou pífio. O que fez? “Convoquei o Conselho da
Petrobras para dizer: ‘Olha, este é um momento em que não se pode recuar’. Até
no futebol a gente aprende que, quando se está ganhando de 1 x 0 e recua, a
gente se ferra.”
A Petrobras
partiu para o ataque, programou não uma, mas logo quatro refinarias e ampliou o
projeto do complexo Comperj, no Rio. As sucessivas diretorias, já entrando pelo
governo Dilma, foram levando a coisa (sem notar nada?), até que a situação
tornou-se absurda. Diziam: qual o problema com a refinaria de Pasadena? Apenas
um mau negócio. Abreu e Lima vai custar cinco vezes mais? Acontece nas grandes
obras.
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