sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Arremedo de democracia


Nem a Folha de S. Paulo, que publicou a entrevista na última segunda-feira, nem os demais veículos de comunicação deram importância ao que disse Benjamin Steinbruch, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo e dono da Companhia Siderúrgica Nacional, sobre a eleição presidencial do próximo domingo.

A certa altura da entrevista, o repórter Fernando Rodrigues perguntou em quem Steinbruch votaria. O poderoso industrial respondeu:

- Não sinto necessidade de revelar. Meu voto é a favor das mudanças. Se a presidente Dilma propuser mudanças com relação ao futuro do Brasil, ela tem chance de ter o meu voto. Se a candidata Marina propuser mudanças, ela tem a possibilidade de ter o meu voto. Assim como o Aécio.

Rodrigues insistiu:

- Se um empresário como o senhor revelar o voto no Brasil, pode sofrer perseguição?

A resposta foi espantosa, a se levar em conta que vivemos numa democracia e que as pessoas são livres para votar em quem quiser:

- Com certeza. Pode.

Rodrigues foi adiante:

- Se disser que vota em Marina e ela perder a eleição, o senhor acha que poderia ser perseguido?

- Acho que sim. O empresário brasileiro e o banqueiro são tremendamente dependentes do governo. Lá fora você não tem essa necessidade de ter a boa vontade do governo. Aqui, só o BNDES te dá financiamento de longo prazo com carência.

Quer dizer: se o presidente da República não for com a sua cara, o BNDES lhe fechará as portas.

Temos um arremedo de democracia – a verdade é essa. E a democracia entre nós é tanto mais fraca quanto maior é a determinação dos donos do poder de não abrir mão do poder.


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